domingo, 26 de abril de 2009

Portugal e o nome do Condestável por Octávio Carmo


A devoção a Nuno Álvares Pereira, São Nuno de Santa Maria, está documentada praticamente desde o momento em que morreu, em 1431. Algo esquecido sob a dominação espanhola, Frei Nuno foi lembrado na Restauração com o fim de ressuscitar o espírito nacional.
Na Igreja em Portugal, celebra-se Memória litúrgica, com ofício e Missa (Comum dos Santos, Religiosos) a 6 de Novembro, conforme tradição. É festa na Ordem dos Carmelitas, na Ordem dos Carmelitas Descalços e na Sociedade Missionária Boa Nova. É Memória obrigatória na Ordem da Cartuxa. O futuro Santo é Padroeiro secundário do Patriarcado de Lisboa.
Duas igrejas em Portugal invocam o futuro Santo português como seu patrono: a do Santo Condestável, em Lisboa, e em Bragança outra dedicada ao beato Nuno de Santa Maria.
Por decreto de 21-06-1934, o Cardeal-Patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira criou em Lisboa a freguesia do Santo Condestável, a primeira desta invocação.
No século XX foram criadas diversas instituições de natureza patriótica e religiosa, que escolheram Nuno Álvares Pereira como Patrono. Entre elas contam-se a Cruzada Nun’Álvares, e, mais tarde, a Fraternidade Nun’Álvares, ainda activa, e destinada ao acolhimento de antigos membros do Escutismo Católico.
Para promover a figura do Condestável também apareceram associações como a Ala do Santo Condestável e a Associação Nun’Álvares. Em diversas escolas instituíram-se associações de alunos ou academias, com o seu nome.
Nuno é patrono da Infantaria portuguesa e do Corpo Nacional de Escutas. Este nome aparece ainda em múltiplas localidades, nas invocações de Nun’Álvares, Santo Condestável ou de Beato Nuno, em ruas, escolas, tipografias, meios de comunicação social e outros.
Em 1920, o Congresso da República aprovou a lei n.° 1012, pela qual era instituída, em 14 de Agosto, a «Festa do Patriotismo» e se determinava a erecção de um monumento a Nun’Álvares. Em 1925, a Cruzada Nacional D. Nuno Álvares Pereira tomou a iniciativa de erguer esse monumento e no dia 14 de Agosto desse ano procedeu ao lançamento da primeira pedra, no antigo Jardim de Santos, em Lisboa, que passou a denominar- se Praça D. Nun’Álvares. Esta iniciativa não teve continuidade.
Um grande número de poetas portugueses celebrou a personalidade do herói e do santo, a começar por Luís de Camões, em “Os Lusíadas”, que evoca o santo na frase «Ditosa Pátria que tal filho teve».
Augusto Casimiro, Guerra Junqueiro, Corrêa de Oliveira, Afonso Lopes Vieira, Fernando Pessoa, e Moreira das Neves, cantaram o Condestável.
Por iniciativa da Ala do Santo Condestável produziu-se, em 1931, o filme «O Condestável, Herói dos Heróis», com texto de Zuzarte de Mendonça Filho.
Celebrando as virtudes do Beato Nuno há composições musicais criadas por diversos letristas e músicos, como "Frei Nuno, Herói e Santo" (Letra do Cónego Manuel Nunes Formigão e Música de Inácio Aldosoro), os Hinos ao Beato Nuno ou o "Herói e Santo", de Moreira das Neves.
Documentação Bibliográfica
A Bibliografia acerca de Nuno Álvares Pereira, contemplando as suas principais facetas (Condestável, cidadão e carmelita), chega a quase um milhar de títulos: Crónicas, livros de História, artigos de ornais e revistas, biografias, hagiografias, etc. Aparece desde logo nas Crónicas oficiais de Fernão Lopes, sobretudo na Crónica de D. João I. A Bibliografia específica considera-se ter início com a famosa “Crónica do Condestabre”, do século XV. Destaque para “A vida de Nun’Alvares” de Oliveira Martins, do séc. XIX, e para a “História da Igreja em Portugal”, de Fernando de Almeida, que fazem longa referência à figura do Condestável. Referência obrigatória é Fr. Elias Maria Cardoso, carmelita, com a sua “A Bibliografia Condestabriana”, (Roma, Inst. Carmelitarum, 1958).


Octávio Carmo

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