quarta-feira, 30 de março de 2011

Poema condestabriano de Fernão Gomes Lopes

Ao Túmulo do Grande Condestável


Epitáfio


Entre Dois Pastores, Sílvio e Melibeu

Sílvio: Quem jaz nesta pira,
Que me move a admiração?
Melibeu: Vejamos com atenção.
Sílvio: Nuno Álvares diz, mira
Sim. Admirei-me com razão

Fernão Gomes Lopes,
natural da mesma vila de Celorico
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 419.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Poema condestabriano de Simão Lopes Silva

Ao Túmulo do Grande Condestável

Epitáfio

De Portugal aqui o zelo
Jaz, valor sem segundo,
Ó! Rompa-se o azul véu
Para ver como aquele que o mundo
Estreitou, vive lá no céu.

Simão Lopes Silva,
Médico na mesma vila de Celorico
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 418.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Poema condestabriano de Lourenço de Melo

Ao Panteão do Grande Condestável

Epitáfio

Jaz neste Panteão
Um sucessor de Pelaio,
Que se na guerra foi raio,
Raio foi na Religião:
Nesta e naquela acção,
Tão raro foi e peregrino
Que o rei humano e o divino
(vendo seu inaudito zelo)
Permitem que na terra e no céu
Viva em triunfo contínuo.

Lourenço de Melo,
Prior da Igreja Colegial da Antiga,
mui nobre e fidelíssima vila de Celorico,
que chamam da Beira, em Portugal
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 417.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Poema condestabriano de Pedro Reyna

Epitáfio

Viveu com tanto valor,
Nuno a quem vês prostrado,
Que ninguém o tem igualado,
E sempre foi vencedor:
E ainda que Átropos seu rigor
Executou com sua ferida,
E ufana ficou a morte,
Vendo que pode decidir a sorte
Na mais valente vida.

Pedro Reyna
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 416.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Poema condestabriano de João de Matos Fragoso

Ao Sepulcro do Grande Condestável

Epitáfio

Detém-te, observa, cala-te: pois repousa,
Ó caminhante, nesta Tumba muda
A admiração mais rara, como dúvida,
A mais clara verdade, como duvidosa.
Este, de quem a espada venturosa
Coberta amedrontou e matou desnuda
Debaixo desta pedra, em bainha rude,
É relíquia em valor a mais famosa.
Jaz: mas muito de si se derrama
Pelo mundo em mil ecos numa voz suma,
Por símbolo grato da sua chama.
Louvá-lo pois teu filho não presuma
Que a pluma é para sua espada pouca fama,
E para a fama, a sua espada, muita pluma.

João de Matos Fragoso
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 415.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poema condestabriano de Jacinto de Torres y Sotomayor

Ao Túmulo do Grande Condestável

Epitáfio

Suspende, pára, tem-te, ó caminhante,
Teu móvel passo na ocasião presente,
E admira este Túmulo eminente
Breve esboço do seu grande Atlante.
Um Régio Panteão tens diante,
Coroas de quem é pelo sangue ascendente,
Ou um Trono, e Urna, de ouro em que assente
A sua viva Fé, a sua Religião constante.
Multiplica as devidas admirações
Por este que vês entre Mármores e Piras,
Pois o êxtase aqui é justificável
E justas são tais assombrações,
Para que melhor conheças o que miras:
É Dom Nuno Álvares, o teu Condestável.

Jacinto de Torres y Sotomayor
Presbítero
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 415.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Poema condestabriano de Tomas Sivori Spinola

À Tumba do Grande Condestável
Epitáfio em duas línguas

Eclipsa o Sol, com aplauso eterno (em italiano)
Nesta Tumba que é constante Esfera;
Aonde Nuno seu valor não altera,
Mas extinto vive, em esplendor superno. (em italiano)


Tomas Sivori Spinola,
Cavaleiro da República de Génova
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 413.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Poema condestabriano de Sebastián de Herrera Barrionuevo

Ao Sepulcro do Grande Condestável

Epitáfio


Jaz aqui o grande Condestável
De Portugal, cuja glória
Eternizou a memória,
Ela sempre durável:
E seu valor, templo incomparável.
Bem o mundo clama
Que sua valerosa chama
Conquistou a terra e o mar,
Mas ela não pôde chegar
Onde chegou a sua fama.

Sebastián de Herrera Barrionuevo
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 412.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Poema condestabriano de Francisco Fernandez

À Sepultura do Grande Condestável

Epitáfio

Passageiro, se nesta pira
Queres saber o que encerra,
Ouve que é a quem a terra
Sem o entender admira:
Vem cá, e atento mira
Sem parar de contemplá-la;
Porque se considerá-la
Pretendes, chegando a vê-la,
Não te deixará entendê-la
A suspensão de admirá-la.
Francisco Fernandez
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 411.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Poema condestabriano de Alfonso de la Peña

Ao Sepulcro do Grande Condestável

Epitáfio


Volta à vida melhor, onde não cobre
De opinião o mundo as tuas verdades.
Volta, ó pai de tantas Majestades,
Se não a fama maior, mais nobre.
Vive outra vez, e a tua memória redija
O mármore imortal das idades,
Que para quem morreu a viver eternidades,
A eternidade é a razão por que viva.

Essa pena erudita que te aclama,
Não é pena, mas uma voz, um troar reverente
Que pelo olvido tua memória chama.

Volta para ver tanto ilustre descendente,
Que forma uma árvore de cuja imortal rama
Se teceu a coroa que levas na mente.

Alfonso de la Peña
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 410.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Poema condestabriano de Agustín Moreto y Cavana

Ao Sepulcro do Grande Condestável


Epitáfio

Jaz aqui: como direi para chamá-lo?
Novo Aquiles? É obscurecê-lo.
Um Alexandre? Não é engrandecê-lo.
Um Heitor Lusitano? É antes abaixá-lo.
Tudo é pouco quando monta a defini-lo,
Nada basta quanto toca a compreendê-lo,
Se um sentido não se pode entendê-lo
Como pode uma simples pena atingi-lo?
Nuno Álvares Pereira é por quem anseia
A voz, que não o explica mas antes o prediz,
Que o esquecimento eterno não receia.
Morre um homem assim? Ó sorte infeliz
Quem em vãos aplausos perde o seu norte
Se no fim de tudo triunfa a morte?

Agustín Moreto y Cavana
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano, Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 409.

domingo, 6 de março de 2011

Poema condestabriano de Gaspar de Ávila

Ao Sepulcro do Grande Condestável
Epitáfio
Aqui nesta sombra leve
Jaz a luz que deu chama
A Portugal, fé à sua fama,
E a seu esplendor quanto deve:
Cuba em distância tão breve
Depois de um mundo ter feito pequeno,
E sim aqui (ainda que se venceu)
Contra o olvido peleja,
Triunfo dos tempos seja
E que tantos mereceu.

Gaspar de Ávila
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 408.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poema condestabriano de Juan Martin de Barrio

Ao Panteão do Grande Condestável


Epitáfio

Cante Roma seu César, Tebas glorifique
Do seu Alcides as doze vaidades;
Que Alexandre acredite nas suas Deidades,
E que as provas Júpiter classifique

Campeão famoso, que a eles os louros levas,
Por seres Progenitor de Majestades,
As façanhas em ti, claras verdades,
Mas das quais o tempo escreve às cegas.

Mas seja verdade sua valentia,
Árbitros sejam, Nuno, da guerra,
E seja seu desejo um último atrevimento.

Sejam: ainda é maior a tua galhardia,
Pois conquistaram, os donos da terra,
Terras não mais, tu a terra e o firmamento.
Juan Martin de Barrio
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 407.