domingo, 26 de abril de 2009

Canonização junta portugueses em Roma


Milhares de portugueses marcarão presença na cerimónia de canonização do Beato Nuno Álvares Pereira, na manhã deste Domingo, em Roma. É a primeira vez em mais de 30 anos que a Igreja em Portugal vive um momento semelhante.
Nas agências de viagens, a procura foi significativa e excedeu mesmo as expectativas. Mais de 700 portugueses deslocam-se ao Vaticano em grupos organizados por estas agências, mas há que somar quem se desloca a título individual, quem já se encontra em Roma ou noutras partes da Europa.
O “contingente” português irá distinguir-se pelos mais de 700 lenços e 2500 bonés que a Ordem do Carmo encomendou para esta cerimónia.
A concelebrar com Bento XVI estarão dez portugueses, entre os quais os Cardeais D. José Policarpo e D. José Saraiva Martins. Outros Bispos, padres, carmelitas e demais fiéis ficarão entre as mais de 15 mil pessoas esperadas para a cerimónia. Portugal terá ainda representantes do Governo, do Presidente da República, do Estado-Maior das Forças Armadas e do Parlamento. Só do Patriarcado de Lisboa deslocam-se a Roma para participar nas cerimónias cerca de trezentos peregrinos. O Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português (CNE) reservou um voo charter que vai levar 202 elementos até ao Vaticano.
Juntamente com o novo santo português serão canonizados os beatos italianos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Gertrude (Caterina) Comensoli e Caterina Volpicelli.
Nuno de Santa Maria (1360-1431) foi beatificado em 1918 por Bento XV e nos últimos anos, a Ordem do Carmo (onde ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiram retomar a defesa da causa da canonização. A sua memória litúrgica celebra-se, actualmente, no dia 6 de Novembro.
O processo de canonização foi reaberto no dia 13 de Julho de 2003, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa.
A cura milagrosa reconhecida pelo Vaticano foi relatada por Guilhermina de Jesus, uma sexagenária natural de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a fritar peixe.
A cura de Guilhermina de Jesus, depois de ter pedido a intervenção do Santo Condestável, foi observada por diversos médicos em Portugal e foi analisada por uma equipa de cinco médicos e teólogos em Roma, que a consideraram miraculosa.
A história deste processo já poderia ter conhecido o seu epílogo quando, na década de 40 do século passado, o Papa Pio XII se manifestou interessado em canonizar o Beato português por decreto. O estado de uma Europa destruída pela II Guerra Mundial fez, porém, com que a Igreja portuguesa recusasse este motivo de festa.
Trabalhos levados a cabo pelos Cardeais Patriarcas de Lisboa D. José III (1883-1907) e D. António I (1907-1929), secundados pela Ordem do Carmo, culminaram com o Decreto da Congregação dos Ritos “Clementissimus Deus” de 15 de Janeiro de 1918, ratificado e aprovado pelo Papa Bento XV em 23 do mesmo mês e ano. Esses trabalhos, retomados pelo Episcopado Português, culminaram com a já referida permissão de Pio XII para que o processo da canonização prosseguisse.
Bento XVI fez até hoje 763 beatos e 18 novos Santos. O “recordista” João Paulo II fez 482 novos Santos e 1342 novos Beatos, num pontificado de 26 anos e meio.

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