domingo, 26 de abril de 2009

Estandarte oficial da Canonização


Livro da Canonização


Bilhete de ingresso para a canonização


RTP2: Câmara Clara

Programa Câmara Clara, transmitido na RTP2, com a participação de D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa e Dr. João Gouveia Monteiro, especialista de História Militar da Idade Média da Universidade de Coimbra.

RTP1: Nuno Álvares Pereira foi canonizado no Vaticano

RTP1: Dois mil portugueses acompanharam canonização do Condestável

SIC: Primeiro Jornal (1.ª parte - 26.04.2009)

Ver entre os o6,46 e 12,50 minutos

Santa Sé canoniza Nuno Álvares Pereira

SIC: Santo português (24.04.2009)

RTP: Canonização de Nuno Álvares Pereira foi seguida no Crato

SIC: Monárquicos no Vaticano (25.04.2009)

SIC: São Nuno de Santa Maria (25.04.2009)

RTP: Vaticano canoniza Nuno Álvares Pereira

RTP: Canonização de D. Nuno Álvares Pereira marcada para domingo

RTP: Portugueses a caminho do Vaticano

RTP: Centenas de portugueses rumam a Roma

RTP: Cavaco Silva manifesta orgulho pela canonização do Condestável

RTP: Peregrinos a caminho de Roma para canonização de Nuno Álvares Pereira

RTP: Caminhada por Nuno Álvares Pereira

RTP: Fraternidade Nuno Álvares Pereira

RTP: Portugueses em Roma por Nuno Álvares

RTP1: Bragança dedicou missa ao patrono Nuno Álvares Pereira

Exposição Dom Nuno Álvares Pereira na Bilioteca Nacional

Exposição Dom Nuno Álvares Pereira, na Biblioteca Nacional, de 24 de Abril a 13 de Maio de 2009, de seg. a sex. das 10h00 às 19h30; sáb. das 10h00 às 17h30.

Expresso: Condestável teve "valores e princípios" cristãos na guerra


Bento XVI afirmou que a vida do Condestável é uma "prova de que, em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actual e realizar os valores e princípios da vida cristã".
O Papa destacou hoje a vida do agora São Nuno, o Condestável, elogiando o facto de mesmo em confrontos militares ter mantido os "valores e princípios" cristãos, algo que contribuiu para a sua canonização, que se realizou hoje em Roma.
A vida do
Condestável é uma "prova de que, em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actual e realizar os valores e princípios da vida cristã", afirmou Bento XVI na homilia das cerimónias perante os milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro , muitos dos quais portugueses.
A parte do discurso proferida em português e dedicada ao novo São Nuno, Bento XVI recordou que durante a sua vida, Portugal veio a "consolidar a sua independência de Castela e estender-se depois pelos oceanos", permitindo a "chegada do Evangelho de Cristo até aos confins da terra".
"São Nuno sente-se instrumento deste desígnio superior" e assumindo o "serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo", optou por uma "intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino", salientou o Papa.
Por isso, "embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais" sobreporem-se à fé, "imitando Nossa Senhora de quem era devotíssimo e a quem atribuía publicamente as suas vitórias", explicou Bento XVI, recordando que o Condestável, no fim da sua vida, se retirou para "o convento do Carmo por ele mandado construir".
Nesse sentido, "sinto-me feliz por apontar à igreja inteira esta figura exemplar", resumiu o Papa durante as cerimónias que religiosas, onde marcou presença vários portugueses, entre os quais o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Valença Pinto.
Durante as cerimónias, a mulher cuja cura do olho sustenta o milagre que permite o processo canónico, foi chamada para levar um dos símbolos de D. Nuno (a imagem, velas ou flores) que irão representar o Condestável, acompanhada do seu filho, Carlos Evaristo, e do presidente da Fundação da Batalha de Aljubarrota, Alexandre Patrício Gouveia.
Nas cerimónias, concelebraram com Bento XVI e vários elementos da cúria romana, os cardeais Saraiva Martins e José Policarpo, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, e os bispos José Alves (Évora), Antonino Dias(Portalegre),Vitalino Dantas (carmelita de Beja), o superior geral da Ordem do Carmo em Portugal, frei Agostinho Castro, além de outros sacerdotes.
No guião da cerimónia, a Santa Sé classifica o Condestável como o "homem mais rico de Portugal" do seu tempo que "por amor de Deus fez-se pobre, inteiramente pobre" e "distribuiu todos os seus bens pela Igreja, pelos pobres, pela família e pelos antigos companheiros de armas".
"Só por ordem do rei é que deixou de andar pelas ruas a pedir esmola para os pobres" e "do que o rei lhe mandava para seu sustento, distribuía tudo o que podia pelos pobres, socorrendo e assistindo na agonia aos moribundos", refere ainda o guião.
Dos cinco novos santos, o Condestável é o único não italiano e também aquele que não está directamente relacionado com a fundação de uma instituição religiosa, embora a promoção da sua Causa tenha sido assumida pela Ordem do Carmo.
Juntamente com o Beato Nuno, serão canonizados o sacerdote Arcangelo Tadini (fundador da Congregação das Operárias da Santa Casa de Nazaré), o abade Bernardo Tolomei (Congregação de Santa Maria do Monte Oliveto da Ordem de São Benito), Gertrude Comensoli (Instituto das Religiosas do Santíssimo Sacramento) e Caterina Volpicelli (Congregação das Servas do Sagrado Coração).

Público: Cardeal Saraiva Martins “feliz” com trabalho feito


Era um cardeal feliz e bem disposto aquele que atravessava a Praça de São Pedro, ao princípio da tarde, depois da missa de canonização de frei Nuno de Santa Maria e de mais quatro santos portugueses. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos até Julho do ano passado, afirmava ao PÚBLICO que “depois de tanto trabalho” com o processo de canonização, estava “feliz” com a cerimónia que acabara de viver.
“É um dia grande para Portugal, um dia extraordinário e histórico, não só para a Igreja mas para todos os portugueses”, afirmou. “Tive o privilégio de levar o beato a ser canonizado”. Não queria deixar a Congregação da Causa dos Santos sem concluir o processo de canonização.”
D. José Saraiva Martins admitiu que o processo de frei Nuno de Santa Maria teve que ser concluído em “três meses”, com tarefas que levam “cinco a seis anos”. “Considero um privilégio Deus ter-me permitido encerrar o processo.”
O novo santo português – o oitavo desde a fundação da nacionalidade – deve ser um exemplo “maravilhoso” para os mais jovens: “Um nobre, guerreiro, rico, que deixou tudo para se tornar irmão leigo na Ordem Carmelita e que nos últimos tempos andou a pedir esmola por Lisboa para dar aos pobres.”
Saraiva Martins concorda entretanto com o cardeal-patriarca: quem foi canonizado não foi a figura política, mas a “santidade” do Condestável; e é necessário aprofundar aspectos ainda pouco conhecidos da biografia de frei Nuno.


António Marujo
26.04.2009

História do Cavaleiro D. Nuno




HistoriadocavaleiroDNuno





HistoriadocavaleiroDNuno papinto Folheto de divulgação infantil da vida de São Nuno Álvares Pereira






Público: Papa sublinha dimensão de "herói" de Frei Nuno de Santa Maria

D. Nuno Álvares Pereira foi proclamado santo esta manhã, às 10h33 (09h33 em Lisboa) no Vaticano, perante milhares de pessoas, entre elas duas mil portuguesas. O Papa sublinhou a dimensão de "herói" do novo santo português mas não referiu a sua generosidade.
O Papa Bento XVI referiu-se, há poucos minutos, a Frei Nuno de Santa Maria, o oitavo santo português proclamado em Roma às 10h33 (09h33 em Lisboa), como "herói e santo de Portugal", que viveu numa época em que a nação consolidou "a sua independência de Castela".
Lendo em português o parágrafo dedicado a Frei Nuno, Bento XVI acrescentou que, embora o novo santo "fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus".Ontem, na conferência de imprensa em Roma a propósito da canonização, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, recusara várias vezes a "exaltação patriótica" da figura de Nuno Álvares Pereira.
As referências do Papa Ratzinger a Frei Nuno de Santa Maria foram sublinhadas várias vezes por aplausos dos cerca de dois mil portugueses e carmelitas que estarão presentes na Praça de São Pedro.
Bandeiras de Portugal, Açores e Brasil, faixas com inscrições, estandartes de escuteiros - o Condestável é patrono do Corpo Nacional de Escutas - assinalam numa Praça de São Pedro que se foi enchendo de pessoas, sendo perto de 30 mil no final da cerimónia, a presença dos peregrinos ligados a Frei Nuno.
Na homilia, que acabou há poucos minutos, Ratzinger acrescentou ainda que Nuno Álvares Pereira é exemplar pela "presença de uma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis às mesmas". Em qualquer situação, "mesmo de carácter militar e bélica, é possível actualizar e realizar os valores e princípios da vida cristã", acrescentou.
No entanto, o Papa não referiu, explicitamente, a generosidade de Frei Nuno para com os pobres. Depois de ter comandado o exército de D. João I, nomeadamente vencendo os castelhanos na batalha de Aljubarrota em 1385, o Condestável renunciou a todos os títulos e propriedades, distribuindo os seus bens pelos pobres e necessitados.
Ainda na homilia e a propósito da vida de Caterina Volpicelli, outra santa hoje proclamada, o Papa afirmou: "é possível construir uma sociedade aberta à justiça e à solidariedade, superando o desequilíbrio económico e cultural que continua a subsistir em grande parte do nosso planeta".A fórmula de canonização pronunciada por Bento XVI às 10h33 locais, afirma: "Declaramos e definimos santos os beatos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, Geltrude Comensoli e Caterina Volpicelli, e inscrevemo-los no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos”.
Na missa, a concelebrar com o Papa, participaram dez bispos e padres ligados à figura de Frei Nuno de Santa Maria: D. José Policarpo (cardeal-patriarca de Lisboa); D. Jorge Ortiga (arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal); os bispos de Évora (José Alves), Beja (António Vitalino) e Portalegre (Antonino Dias); o cardeal Saraiva Martins (ex-responsável da Congregação para a Causa dos Santos); os padres Fernando Millán (superior-geral dos Carmelitas), Agostinho Castro (provincial dos Carmelitas portugueses), Francisco Rodrigues (vice-postulador da Causa da Canonização) e José Filipe Agostinho (prior do Santo Condestável em Lisboa).

Os santos portugueses

Frei Nuno de Santa Maria torna-se assim o oitavo santo português desde a fundação da nacionalidade. A última portuguesa a ser proclamada santa foi Beatriz da Silva, que viveu entre cerca de 1426 e 1492, tendo fundado a congregação da Imaculada Conceição. A lista dos restantes portugueses canonizados pela Igreja Católica inclui São Teotónio, Santo António, a Rainha Santa Isabel, João de Deus, Gonçalo Garcia e João de Brito. Santo António protagonizou a mais rápida canonização da história – menos de um ano após a sua morte, pois nessa época a Igreja não exigia o reconhecimento de curas milagrosas. Gonçalo Garcia nunca viveu em Portugal: era filho de um português e de uma indiana, tendo nascido na Índia em 1557 e morrido mártir em Nagasaqui (Japão), como frade franciscano em 1593.

António Marujo
Público, 26.04.2009

Jornal de Notícias: Muitos portugueses entre os peregrinos nas cerimónias


Roma, 26 Abr (Lusa) - Os cinco mil convidados para a cerimónia de canonização do até agora Beato e novo São Nuno ou Santo Condestável, hoje, na Basílica de São Pedro, em Roma, alguns deles portugueses, já começaram a ocupar os seus lugares na praça.
Apesar da chuva, a maior parte das cadeiras do recinto da Praça de São Pedro foram ocupadas a bom ritmo e os grupos distinguem-se pelos chapéus e lenços que usam, mesmo que por debaixo das capas e dos impermeáveis para o mau tempo.
Os portugueses distribuíram centenas de chapéus verdes e lenços alusivos à canonização e são muitos, entre os quais mais de duas centenas de escuteiros, os grupos espalhados que ostentam esta simbologia particular, além de serem visíveis algumas bandeiras portuguesas.

Público: Patriarca recusa “exaltação patriótica” do Condestável e lamenta “pouca” atenção do Estado

Patriarca recusa “exaltação patriótica” do Condestável e lamenta “pouca” atenção do Estado

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, recusou esta tarde, em Roma, a “exaltação patriótica” da figura do Condestável D. Nuno Álvares Pereira. Em algumas épocas, “a exaltação patriótica prejudicou o processo de canonização”, referiu.
D. José falava numa conferência de imprensa a propósito da canonização de frei Nuno de Santa Maria, que amanhã o Papa proclamará na Praça de São Pedro. O patriarca recusou por diversas vezes a ideia de um aproveitamento nacionalista da figura do general que derrotou os castelhanos em Aljubarrota, em 1385: “Punhamos de parte toda a exaltação patriótica e punhamos o acento naquilo que é específico da Igreja, de contemplar o mistério da santidade em todas as circunstâncias”.
Admitindo que desde o início o processo foi “muito atribulado”, o cardeal entende que a “exaltação patriótica” tenha aparecido em diferentes fases da história portuguesa. Desde logo, pela “história atribulada” das relações com Castela.
Um dos episódios de tais tribulações foi com o ditador Oliveira Salazar. “Consta que [Salazar] quis fazer a oferta [de canonizar o Condestável] aos irmãos espanhóis”, ironizou o patriarca. “Houve uma grande misturada de questões patrióticas” e de uma “causa nacional”. E o facto de em Lisboa ter sido consagrada uma igreja paroquial ao Santo Condestável, nos anos 40, “amorteceu o entusiasmo pela canonização”, afirmou.
Na mesma linha, o historiador e reitor da Universidade Católica, Manuel Braga da Cruz, disse que o aprofundamento do conhecimento do Condestável permitirá conhecer o “sucesso” da sua vida. Um fenómeno que permitiu mesmo a instrumentalização da sua figura.
Braga da Cruz reiterou que está a ser canonizada “uma das figuras maiores da história de Portugal – esquecer isto é ausência de responsabilidade”. E admite que “qualquer grupo tem legitimidade para reivindicar a herança” do Condestável. Já aconteceu com republicanos como António José de Almeida e Jaime Cortesão, com poetas como Pessoa e Camões ou com o regime do Estado Novo, referiu.
D. José Policarpo considera que a partir de agora há muito para fazer, nomeadamente pelos investigadores: a relação do Condestável com a mãe será um dos aspectos que o patriarca considera indispensável investigar. “Tudo leva a crer que terá sido uma pessoa marcante na primeira parte da vida de D. Nuno”.
Do mesmo modo deve ser estudada a relação com o mestre de Avis e futuro rei D. João I. “Em que medida o projecto de D. Nuno para Portugal coincidia com o de D. João? Tudo leva a crer que, se ele quisesse, poderia ter sido ele o rei. Mas ele não quis”, afirmou.
Cura, peça “secundária”
Sobre a cura que permitiu a canonização de frei Nuno de Santa Maria – Guilhermina de Jesus, cozinheira, ficou sem ver por causa de óleo a ferver que lhe atingiu o olho esquerdo, aparecendo depois curada –, o patriarca diz que essa “é uma peça secundária”. O processo, confidencial, diz que os médicos consultados concluíram que a cura poderia ter sido por causa miraculosa ou por causa dos medicamentos. “Certo é que a senhora ficou a ver de repente.” Sobre a importância dada pelo Estado português à cerimónia, o patriarca considera que é “pouca”. O Estado ainda “convive mal com a realidade da Igreja e da santidade.” Apesar disso, diz ter ficado “contente com a reacção discreta”. Porque, frei Nuno de Santa Maria servisse “para alguma causa, já teria servido”.
O patriarca admite que faz falta “uma boa biografia” do Condestável. E que recebeu cartas de protesto pela canonização: “Perguntam-me como se canoniza um home que matou? Mas ele impedia violências escusadas, os saques, a preocupação com os feridos do inimigo”. Essa é outra faceta que, além do homem que deixou todos os bens para se tornar frade carmelita, importa reter. “Numa coisa D. Nuno não deixa consciências tranquilas: a acomodação ao imediato. Ele é inconciliável com a mediocridade.”

António Marujo
Público, 25.04.2009

Expresso: Muitos portugueses entre os peregrinos


Mesmo com chuva, a Praça de São Pedro está cheia no dia em Nuno Álvares Pereira é canonizado.
Os cinco mil convidados para a cerimónia de canonização do até agora Beato e novo São Nuno ou Santo Condestável , hoje, na Basílica de São Pedro, em Roma, alguns deles portugueses, já começaram a ocupar os seus lugares na praça.
Apesar da chuva, a maior parte das cadeiras do recinto da
Praça de São Pedro foram ocupadas a bom ritmo e os grupos distinguem-se pelos chapéus e lenços que usam, mesmo que por debaixo das capas e dos impermeáveis para o mau tempo.
Os portugueses distribuíram centenas de chapéus verdes e lenços alusivos à canonização e são muitos, entre os quais mais de duas centenas de escuteiros, os grupos espalhados que ostentam esta simbologia particular, além de serem visíveis algumas bandeiras portuguesas.
Mas nesta competição de insígnias, os vencedores são os chapéus vermelhos de Caterina Volpicelli, uma das quatro figuras italianas que será hoje canonizada a par do Santo Condestável. Fundadora das Servas do Sagrado Coração, uma instituição que, no século XIX em Nápoles, apostou no apoio social aos pobres à semelhança dos franciscanos, Caterina Volpicelli faleceu em 1894 e em Junho de 1999, João Paulo II, aprovou a sua beatificação. Apesar disso, quando o leitor da cerimónia anunciou o nome de
Nuno Álvares Pereira foram ouvidos aplausos, um sinal da presença elevada de portugueses no recinto. Uma cerimónia de canonização de um português não se realizava em Roma desde 1976, ano em que foi confirmado o culto universal da fundadora da Ordem da Imaculada Conceição, Santa Beatriz da Silva, pelo Papa Paulo VI. Hoje, na Praça de São Pedro, o Postulador da Causa, Fernando Millán, vai explicar o processo canónico que justifica esta atribuição pela Santa Sé, com relatos sobre a santidade de Nuno Álvares Pereira confirmados por teólogos e historiadores e um relatório de médicos convidados pelo Vaticano que atestam a sua "intercessão" na "cura miraculosa" de um olho da portuguesa Guilhermina de Jesus, queimado com óleo de fritar. Para segunda e terça-feira, estão previstas novas celebrações religiosas na basílica de São Paulo Fora de Muros, presididas por D. José Policarpo, e na Igreja de Santa Maria em Transpontina, por Fernando Millán.

Correio da Manhã: Estado ignorou Santo

O Cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, disse ontem em Roma que o Estado português "ligou pouco" à canonização do Beato Nuno de Santa Maria, sugerindo que, "se fosse noutro contexto, este acontecimento teria muito mais relevância social e política".
A cerimónia de canonização de cinco beatos, quatro italianos e um português, realiza-se hoje, às 10h00 (09h00 em Portugal), na Praça de São Pedro, no Vaticano, e é presidida pelo Papa Bento XVI.
Na conferência de imprensa no Pontifício Colégio Português, acompanhado pelo vice-postulador da causa, padre Francisco Rodrigues, e pelo reitor da Universidade Católica, Braga da Cruz, o patriarca lamentou a "pouca relevância" que o Estado tem dado ao acontecimento, "com excepção das tomadas de posição do senhor Presidente da República e do Parlamento" "Em público, o Estado convive mal com a realidade da Igreja e, por maioria de razão, com a santidade. Não é culpa de ninguém, mas é assim e não há volta a dar", afirmou D. José Policarpo.
Mas o patriarca diz que, apesar de tudo, até ficou "contente" por a reacção das entidades públicas ter sido discreta. "Ainda bem que assim foi, porque se evitou uma desmedida exaltação patriótica, que seria negativa para um caso que é sobretudo de exaltação de virtudes e de santidade", explicou o Cardeal-patriarca.
Braga da Cruz anunciou a realização, em Novembro, de um colóquio sobre o novo santo português, que contará com a participação da Universidade Católica e da Academia Portuguesa de História, e o padre Francisco Rodrigues disse que "vai ser criado um movimento de expansão da mensagem e da figura de S. Nuno, que as fará chegar às paróquias, movimentos e escolas de todo o País".

COMERCIANTES NÃO VENDEM RECORDAÇÕES DOS NOVOS SANTOS
Nem uma das mais de 50 casas de venda de artigos religiosos do Vaticano vende qualquer imagem, ou pagela sequer, do Santo Condestável. Mas também não têm de qualquer um dos quatro beatos italianos. Benedito Feliz, que tem nome do actual Papa e vende a menos de 50 metros da Basílica de São Pedro, diz que "os santos que são canonizados não rendem grande dinheiro e, na maioria dos casos, não justificam o investimento".
A excepção foi Madre Teresa de Calcutá, que apesar de só ter sido ainda beatificada vendeu imenso e continua a vender. "Esse é um caso de popularidade mundial, cujos artigos são comprados por italianos, portugueses, indianos ou alemães." O mesmo "vai passar-se um dia com João Paulo II, que continua a vender, ainda mais do que o actual Papa".

ROTOS DO BETAO POUCO VISÍVEL
O quadro oficial da canonização do Beato Nuno de Santa Maria, que foi colocado na fachada da catedral de São Pedro, ao lado dos quadros dos quatro beatos italianos, apresenta o monge a dar de comer aos pobres, com as ruínas do Convento do Carmo como pano de fundo.
Uma das críticas feitas ao quadro prende-se com o facto de o rosto ser pouco visível, pintado a cores claras, a que D. José Policarpo respondeu: "Às vezes a santidade não se vê."

PORMENORES

MIRACULADA EM ROMA
Guilhermina de Jesus, a sexagenária alvo da cura milagrosa que permitiu a canonização do Beato Nuno, vai integrar o cortejo do ofertório. A primeira das leituras vai ser proferida em português.

POLÍTICA E PÁTRIA
A Igreja lamenta que o processo de canonização tenha sido "muito atribulado e muitas vezes misturado com questões patrióticas e políticas".

TARJA EM FÁTIMA
O Santuário de Fátima colocou uma tarja de 6,20 m de altura e 1,65 m de largura junto da estátua do futuro santo, na colunata do recinto.

MAIS TURISMO NA SERTÃ
O Santo Condestável nasceu em Cernache do Bonjardim, na Sertã. A autarquia espera que o turismo aumente no concelho.

Secundino Cunha, enviado especial Roma

Sol: Cavaco aponta exemplo de Nuno Álvares Pereira


O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, manifestou hoje o seu orgulho pela canonização de Nuno Álvares Pereira, considerando o «forte Dom Nuno» como um exemplo para todos, em particular, para as Forças Armadas portuguesas
«O 'forte Dom Nuno', como lhe chamou Camões, é um exemplo para todos nós e, muito em particular, para as nossas Forças Armadas», afirma o chefe de Estado, numa mensagem vídeo colocada na página da Internet da Presidência da República.
Sublinhando o seu orgulho pela canonização de Nuno Álvares Pereira, «pelo que ela representa de reconhecimento do valor exemplar de um português heróico e ilustre», Cavaco Silva diz ser hoje «um dia de alegria para todos os portugueses».
«A canonização de Nuno Álvares Pereira constitui um gesto que honra uma das figuras mais marcantes da nossa História, uma figura em que os Portugueses se revêem como símbolo de amor ao seu País, de defesa corajosa da independência nacional, de vontade de triunfar mesmo nas horas mais difíceis», declara o Presidente da República.
Na mensagem, Cavaco Silva recorda Nuno Álvares Pereira como um português que soube ser humilde, «o que o levou a retirar-se do gozo das grandezas mundanas em nome da fé que possuía».
Lembrando o seu epitáfio «As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge», o chefe de Estado assinala que, de facto, Nuno Álvares Pereira «soube voltar as costas às honras terrenas que conquistara através de feitos heróicos».
«Mas não voltou as costas ao seu amor por Portugal, pois foi em nome desse amor que o Condestável comandou tropas em defesa da independência de uma nação ameaçada», sublinha, manifestando-se certo que a canonização de Nuno Álvares Pereira ficará inscrito «na nossa memória colectiva e será motivo de orgulho e de alegria para todos os que amam o nosso País e a sua história».
A cerimónia de beatificação de Nuno Álvares Pereira realiza-se hoje, no Vaticano.

Lusa / SOL

Correio da Manhã: “Havia sete milagres, mas escolheram este”

Agastado com "muitas coisas que se têm escrito e dito" acerca do milagre que permitiu a canonização do Beato Nuno de Santa Maria (a cura da córnea de um olho de Guilhermina de Jesus, que se feriu com óleo a ferver quando fritava peixe), o padre Francisco Rodrigues, vice-postulador da causa, assegura que, "aquando da reabertura do processo, em 2004, nós tínhamos sete situações de milagre, mas os teólogos e os médicos do Vaticano escolheram este por ser o mais evidente e o mais fácil de provar".
"As pessoas falam muito, mas a intervenção de Deus, de forma inexplicável, é mais frequente do que se pensa", disse o sacerdote carmelita, sublinhando que "as outras curas especiais dizem respeito a casos de cancro e diabetes, o que, segundo os médicos, apresentam maior dificuldade ao nível da prova da intervenção de Deus através de um santo".
"Estamos a falar de uma ferida que, através de medicamentação muito agressiva, demoraria pelo menos um ano a sarar. Ora, o acidente deu-se a 29 de Setembro e a cura teve lugar no decorrer de uma novena ao Beato Nuno, a 7 de Dezembro. Dois meses e pouco depois e sem qualquer medicação", explicou o vice-postulador.
De resto, o cronista carmelita José Pereira Sant’Anna tem mais de 60 páginas escritas de milagres realizados pelo Beato Nuno, com curas de toda a espécie. As sete que foram consideradas para esta causa referiam-se todas, segundo o padre Francisco Rodrigues, a pessoas residentes em Portugal.
Recusando qualquer "estatuto de menoridade" ao milagre escolhido, o sacerdote carmelita afirma que, "muito mais importante do que qualquer milagre, foi a vida de virtudes de D. Nuno, essa sim, digna de santidade e, como tal, proporcionadora de milagres".
A miraculada, Guilhermina de Jesus, natural de Vila Franca de Xira e residente em Ourém, vai estar presente, domingo, na cerimónia de Canonização, e deve encontrar-se com o Papa Bento XVI.

200 ESCUTEIROS NA CERIMÓNIA
Para além de patrono da GNR e da arma de Infantaria, o Beato Nono (a partir de domingo S. Nuno de Santa Maria) é também o patrono dos escuteiros portugueses. Por isso, o Corpo Nacional de Escutas promoveu um voo charter, com 202 escuteiros, que parte amanhã e regressa domingo. Vão à vigília de amanhã e à cerimónia de domingo.

MUSEU DO CONDESTÁVEL EM JUNHO
Em Ourém, perto do castelo e do café-bar do senhor Raul Júlio (na foto), um dos locais que preservam a memória de Nuno Alvares Pereira, terceiro conde da terra, vai abrir em Junho um museu dedicado ao Santo Condestável. É uma parceria entre a Fundação Batalha de Aljubarrota e a Fundação Histórico-Cultural Oureana. A ideia é que o espaço complemente o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota.

CANONIZAÇÃO VIVIDA EM VILAS E CIDADES
Missas, vigílias e ecrãs gigantes para transmitir a cerimónia são algumas das iniciativas previstas para o próximo domingo, dia da canonização, um pouco por todo o País.
Em todas as instituições do Carmo, as eucaristias de amanhã e domingo assinalam a elevação do Beato Nuno a santo.
Em Lisboa, já amanhã, na Igreja do Santo Condestável, há uma vigília, à mesma hora da que acontece em Roma, na Igreja de Santo António dos Portugueses, presidida por D. José Policarpo.
Mas amanhã e domingo os acontecimentos mais marcantes vão decorrer em Cernache do Bonjardim, terra natal de D. Nuno, no Crato, de cujo pai foi prior, em Ourém, condado do Condestável, e em São Jorge de Porto de Mós, local da Batalha de Aljubarrota.
Em Cernache, todas as casas e lojas exibirão imagens de S. Nuno; no Crato, a canonização vai ser transmitida em ecrã gigante no interior do Mosteiro de Santa Maria, em Flor da Rosa; o mesmo acontecerá na Fundação Batalha de Aljubarrota; em Ourém, haverá uma missa, às 11h00, na Colegiada, em pleno centro histórico.
De resto, haverá missas em honra de S. Nuno um pouco por todo o País, nomeadamente nas paróquias onde houver escuteiros. Até na ilha do Pico, nos Açores, a Ouvidoria local assinala a canonização de D. Nuno, na Igreja da Calendária.

PREPARATIVOS COMEÇAM HOJE
As cerimónias de canonização não são propriamente uma novidade para a máquina do Vaticano. No entanto, exigem uma preparação específica, que começa esta sexta-feira. Em suma, e neste caso, o essencial do trabalho de cerca de três dezenas de pessoas prende-se com a divisão em cinco partes iguais da Praça de São Pedro, com três mil lugares para cada canonizando. Também a plataforma mais elevada, ocupada ao centro pelo altar, será reorganizada, com os cardeais à direita do Papa, 25 concelebrantes de cada lado e os convidados especiais à esquerda do Sumo Pontífice.

"O NOSSO PAÍS PRECISA MUITO DE SANTOS" (D. Jorge Ortiga, Presidente da CEP)
Correio da Manhã – Até que ponto, em sua opinião, a canonização do Beato Nuno é importante?
D. Jorge Ortiga – É para nós uma graça que um português atinja a santidade. Para além disso, o nosso país precisa muito de santos.
– Porquê?
– Porque eles são exemplos de virtudes, que ajudam à nossa salvação. Mas, para além de precisarmos de santos, nós precisamos sobretudo de conhecer melhor os santos e a sua vida.
– Quem foi, para si, D. Nuno Álvares Pereira?
– Foi um herói de Cristo. Não se limitou a ser um exímio militar, um estratega de eleição, mas foi também um grande coração, amigo dos pobres e, sobretudo, foi exemplar no desprendimento das coisas da vida. Quando tinha todo o poder e todas as honrarias, fez-se monge de última fila e dedicou-se à oração. É um notável exemplo, daqueles que atravessam a História.
– Vai estar domingo em Roma?
– Estarei e com todo o gosto.

PORMENORES
DÉCIMO SANTO
O Beato Nuno vai tornar-se domingo no décimo santo português nascido após a nacionalidade. Os outros são: S. Teotónio, Santo António, S. Gualter, Santa Isabel, S. João de Deus, S. Frei Gil, S. Gonçalo Garcia, S. João de Brito e Santa Beatriz.

MILITARES NA CERIMÓNIA
A instituição militar vai estar representada ao mais alto nível através do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Valença Pinto. O Governo será representado pelo ministro Luís Amado.

570 ANOS À ESPERA
A canonização de D. Nuno é o fim de uma espera de quase seis séculos. A primeira tentativa de colocar o Condestável nos altares foi feita por D. Duarte, em 1434.

TRASLADADO OITO VEZES
O túmulo do Condestável está na Igreja de que é orago, em Lisboa. Até lá chegar, foi trasladado oito vezes. Esteve no Carmo e em São Vicente de Fora.

Jornal de Notícias: Mulher que recuperou visão no altar de Santo Nuno

Miraculada carrega um dos símbolos de Nuno Álvares Pereira na canonização em Roma
Guilhermina de Jesus nunca pensou que a novena rezada num frio dia de Dezembro de 2000 a levaria até ao Papa. Este domingo, a agradecer o milagre da vista recuperada, sobe ao altar que canonizará D. Nuno Álvares Pereira, em Roma.
A imagem do Beato Nuno não o favorece na fotografia de conjunto da Praça de S. Pedro. Mal se percebe o homem que devolveu Portugal aos portugueses em 1385, no meio de tanta referência à sua própria história. E no meio dos outros quatro canonizados hoje. Mas já está lá desde ontem, na fachada da Basílica. Guilhermina não precisará de franzir o olhar recuperado depois da tal novena de Dezembro de 2000. Estará lá, no altar, a carregar uma das relíquias do beato que foi militar, que foi rico e se quis pobre, que foi Condestável e desejou não o ser mais. É graças à confirmação de que Guilhermina cegara com salpicos de óleo a ferver e voltara a ver a luz invocando Nuno de Santa Maria que hoje há festa.
Mas isso já faz parte da História. Tal como o interminável processo que hoje faz de Nuno santo. Hoje, Guilhermina há-de levar a imagem daquele que, quando viveu, foi "o homem mais rico de Portugal". Ou as flores. Ou as velas. Ao lado dela, o presidente da Fundação da Batalha de Aljubarrota, aquela que tornou Nuno Álvares Pereira famoso no passado dos factos. No outro, o da religiosidade, "por amor de Deus fez-se pobre, inteiramente pobre", como reza o guião da cerimónia preparada pela Santa Sé. Deu o que tinha à Igreja, aos pobres, à família e aos antigos companheiros de armas.
Chegou a pedir nas ruas, até que o rei o ordenasse em contrário e, do que este lhe mandava para sustento, "distribuía tudo o que podia pelos pobres, socorrendo e assistindo na agonia aos moribundos". "Só por ordem do rei é que deixou de andar pelas ruas a pedir esmola para os pobres". A cerimónia - que deverá ser presenciada por várias centenas de portugueses, muitos deles em representações oficiais - tem início marcado para as 10.30, altura em que o prefeito para a Causa dos Santos, o arcebispo italiano D. Ângelo Amato, fará uma introdução à vida e heroicidade do Beato Nuno, mais pela sua opção pela vida monástica - viveu e morreu no Convento do Carmo, que ele mesmo mandara construir - do pelos feitos militares. O chefe da Casa Militar do Presidente da República, o chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, o patriarca de Lisboa, o presidente da Conferência Episcopal, o superior maior da Ordem do Carmo e o duque de Bragança - cuja dinastia descende de Nuno Álvares Pereira - serão algumas das testemunhas da canonização.
In Jornal de Notícias, 26.04.2009

Jornal de Notícias: D. José Policarpo: "Estado convive mal com a Igreja"


"O nosso Estado convive mal com a Igreja e com a santidade" e deu pouco relevo à canonização de D. Nuno Álvares Pereira.
Uma atitude que ocorre "pelo menos em público" e que o cardeal patriarca de Lisboa atribui à "separação da Igreja do Estado" e à "declaração de laicidade do Estado com tudo o que isso acorrentou de compreensão da ideologia que conduz a vida pública". A culpa não será da má vontade, mas antes do "contexto cultural".
D. José Policarpo - que falava ontem em Roma, no Pontifício Colégio Português, em conferência de Imprensa - lamenta a discrição do poder político face à canonização do beato Nuno de Santa Maria, em oposição ao que acontece quando se trata de portugueses autores de feitos culturais ou desportivos.
O cardeal admite contudo que a exaltação do beato Nuno de Santa Maria compete à igreja e aos fiéis. "No contexto em que estamos, até fiquei contente que a reacção oficial fosse discreta, porque penso que reacção mais verdadeira compete-nos a nós, a todos os que estão sensíveis a estes valores, porque de contrário poderíamos cair na exaltação patriótica" de outros tempos.
Ora, essa foi justamente a responsável, diz, pelo arrastar do processo de canonização. A figura do Condestável foi instrumentalizada em nome de causas nacionais e isso prejudicou a sua dimensão espiritual. "Trata-se de um acto da ordem da fé e não estamos perante uma exaltação patriótica de um grande português". Porque a canonização é "é um reconhecimento pela autoridade máxima do pontífice romano da santidade de um cristão" e da "maneira como ele viveu a sua fé, dando sentido a tudo o que fez".
A mistura dos dois conceitos - "tentar fazer da canonização uma exaltação patriótica" - acabou por prejudicar o próprio processo, acredita D. José Policarpo. E faz referência, designadamente, ao Estado Novo, que misturou a canonização com a causa nacional, amortecidas pela guerra colonial.
A exaltação patriótica que fique com quem tem essa responsabilidade - "os historiadores" -, devendo ser posto o "assento naquilo que é específico da Igreja que é contemplar o mistério da santidade de um cristão em todas as circunstâncias".
O cardeal patriarca de Lisboa admite, contudo, o valor de Nuno Álvares Pereira enquanto guerreiro, até porque soube "sê-lo com critérios cristãos", impedindo "violências escusadas" e abusos dos soldados.


In Jornal de Notícias, 26.04.2009

Jornal de Notícias: O 11º santo, 32 anos após Santa Beatriz da Silva

S. Nuno de Santa Maria é o 11º santo português, 32 anos depois da última canonização de um cidadão de Portugal. Foi Santa Beatriz da Silva (1424 e 1492), filha da nobreza de Campo Maior e fundadora da Ordem da Imaculada Conceição.
E se Beatriz é praticamente contemporânea de Nuno Álvares Pereira, outros sete santos portugueses viveram bem antes. A lista arranca com S. Dâmaso, papa do século IV (305-304), e S. Vítor de Braga, mártir da mesma época, ainda Portugal não o era. Anteriores à nacionalidade foram também as vidas de S. Martinho de Dume (518-579), bispo de Dume e Braga, Santa Iria de Tomar (f. 653), freira e mártir, e S. Torcato (f. 715), arcebispo de Braga e Dume. Já no reino viveram S. Teotónio (1082-1162), fundador do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, e o padre franciscano Santo António de Lisboa (1360-1231). Posteriores a S. Nuno são o religioso dedicado aos enfermos S. João de Deus (1495-1550) e o missionário jesuíta S. João de Brito (1647-1693).

Diário de Notícias: Papa irá passar no meio de milhares de portugueses



D. Nuno Álvares Pereira será canonizado hoje na Praça de São Pedro, facto que levou milhares de portugueses até Roma. Patriarca diz que reacção do Estado é discreta.
A Embaixada portuguesa no Vaticano espera hoje milhares de peregrinos portugueses na Praça de São Pedro para assistir à canonização de D. Nuno Álvares Pereira. No entanto, apenas Guilhermina de Jesus, a portuguesa que foi miraculada pelo beato Nuno, deverá encontrar-se com o Papa. A mulher de Ourém e o presidente da Fundação da Batalha de Aljubarrota subirão ao altar para levar as relíquias do Beato Nuno.
Ao DN, o embaixador de Portugal, João Rocha Páris, afirmou que não foram pedidas audiências com Bento XVI, nem antes, nem depois, não só por não fazer parte do cerimonial da canonização mas também porque o Papa só recebe em audiências privadas os chefes de Estado. No entanto, deverá percorrer a Praça de São Pedro no seu "Papa-mobil" para se aproximar dos milhares de peregrinos portugueses.
Fontes próximas do Vaticano, confirmaram ao DN que, já em situações anteriores, alguns dos convidados especiais encontraram e cumprimentaram o Papa, à entrada da Basílica de S. Pedro, quando este se retira. Não surpreende os ambientes próximos do Vaticano, que tal pudesse repetir-se hoje.
A manhã terá início às oito horas com a chegada dos fiéis e dos convidados especiais à Praça de S. Pedro, onde nos últimos dois dias foram montadas as tribunas e o altar mor para a canonização dos cinco santos. Um ecrã gigante transmitirá o evento para os milhares de peregrinos provenientes de vários países. Serão cem os membros do coro da Capela Sistina e 160 os padres para distribuir a comunhão.
A cerimónia começará às dez horas, e será celebrada por Bento XVI com mais 50 co-celebrantes. Entre eles estão oito portugueses (ver caixa). No altar, na tribuna à direita, estarão os convidados especiais, entre estes, os descendentes directos de D. Nuno, assim como personalidades de destaque, civis, religiosas e membros de ordens, dos cinco novos santos.
D. José Policarpo classificou como "discreta" a reacção do Estado português à canonização, considerando que o poder político "convive mal com a Igreja e com a santidade". Na conferência de imprensa realizada no Pontifício Colégio Português, em Roma, o cardeal lamentou a reduzida importância dada pelos políticos ao evento, se comparado com outros feitos culturais e desportivos alcançados por portugueses. "Noutros contextos o relevo seria maior", disse.
Na sua opinião, "depois da separação da Igreja do Estado e da declaração de laicidade do Estado, com tudo o que isso acorrentou de compreensão da ideologia que conduz a vida pública, temos de reconhecer que, pelo menos em público, o nosso Estado convive mal com a Igreja e com a santidade, a expressão máxima da vida cristã", afirmou D. José Policarpo.
"Estamos numa vigília de canonização. Um acto da ordem da fé e não diante da exaltação patriótica de um grande português", disse. "Devemos pôr de parte, agora, a exaltação patriótica que compete aos historiadores. Pela primeira vez penso que esta causa,na última fase, foi profundamente centrada na dimensão teológica e espiritual da sua santidade".
Manuela Paixão
In Diário de Notícias, 26.04.2009

Público: Onde está o Santo Condestável?

Onde está o Santo Condestável?

Onde está o retrato de frei Nuno de Santa Maria? Na Praça de São Pedro, foram esta manhã colocadas as cinco pinturas que retratam os novos santos que amanhã o Papa Bento XVI canoniza. Mas é um exercício difícil reconhecer o português. Só muito perto dos retratos se podem perceber as ruínas do Carmo, o sinal mais visível da pintura do frade carmelita que, antes, chefiara o exército português contra os castelhanos, na batalha de Aljubarrota. O rosto mal se distingue, apagado pelo fundo branco dado pelo hábito.
A confusão inicial é agravada porque um dos outros retratados – Bernardo Tolomei (1272-1348), fundador da congregação de Santa Maria do Monte Olivete – se assemelha a algumas das ilustrações que existem do santo português.
No retrato de Nuno Álvares Pereira, vêem-se, além das ruínas do Carmo, em Lisboa – o convento onde ele viveu os últimos anos da sua vida –, três pobres a quem o frade estende a mão. O gesto simboliza a dedicação aos mais desfavorecidos, uma das características que o tornou popular. Na outra mão, o antigo Condestável segura uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo, sinal da devoção carmelita. Por baixo, uma espada deitada remete para o passado que frei Nuno de Santa Maria deixara para trás.
O rosto mais destacado é o da nova santa Caterina Volpicelli (1839-1894), que fundou uma congregação vocacionada para o serviço dos mais pobres e dos jovens. Mas também o retrato de Geltrude Comensoli (1847-1926), fundadora da Congregação das Irmãs Sacramentinas de Bérgamo (Itália) é feito a corpo inteiro e o rosto mal se distingue.
Já os outros dois homens que amanhã serão canonizados – o padre Arcangelo Tardini (1846-1912), fundador da Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, que apoia trabalhadores, e Bernardo Tolomei – aparecem a meio corpo.
Frei Nuno de Santa Maria torna-se amanhã o oitavo santo português desde a fundação da nacionalidade. A última portuguesa a ser proclamada santa foi Beatriz da Silva, que viveu entre cerca de 1426 e 1492, tendo fundado a congregação da Imaculada Conceição. A lista dos restantes portugueses canonizados pela Igreja Católica inclui São Teotónio, Santo António, a Rainha Santa Isabel, João de Deus, Gonçalo Garcia e João de Brito.
Santo António protagonizou a mais rápida canonização da história – menos de um ano após a sua morte, pois nessa época a Igreja não exigia o reconhecimento de curas milagrosas. Gonçalo Garcia nunca viveu em Portugal: era filho de um português e de uma indiana, tendo nascido na Índia em 1557 e morrido mártir em Nagasaqui (Japão), como frade franciscano em 1593.

António Marujo
Público, 25.04.2009

Correio da Manhã Canonização com lotação esgotada

Igreja: Lugares da Praça de S. Pedro todos marcados
Canonização com lotação esgotada


Está tudo apostos. Trinta e dois anos depois da canonização de santa Beatriz da Silva, em 1976, Portugal volta a ter um santo. E, desta vez, um herói nacional.
A canonização do beato Nuno de Santa Maria está marcada para as 10h00 de domingo, na praça de S. Pedro, em Roma, onde os lugares já estão todos ocupados.
"Para assistir à celebração na praça, nós temos direito a pouco mais de três mil lugares (são 15 mil ao todo) e há muito que não há inscrições", disse ao CM o padre carmelita Francisco Rodrigues, vice-postulador da causa.
De resto, a concelebrar com o Papa estarão apenas 50 clérigos, sendo somente dez portugueses. É que os beatos a canonizar são cinco, quatro italianos e um português, e os lugares foram divididos em número exactamente igual para cada causa.
Assim, da causa portuguesa vão sentar-se ao lado de Bento XVI o Cardeal-patriarca, D. José Policarpo, o cardeal D. Saraiva Martins, o presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, os bispos do Alentejo, D. José Alves, D. Antonino Dias e D. Vitalino Dantas, que é carmelita, o titular da paróquia do Santo Condestável, o provincial português da Ordem do Carmo, o abade-geral da Ordem e outro bispo que ocupará o lugar cedido pelo vice-postulador.
No meio dos restantes fiéis vão ficar bispos como D. Jacinto Botelho, D. Manuel Felício, D. Neto Quintas ou D. Carlos Azevedo.
Em lugar especial, definido pelo protocolo, vão sentar-se também as autoridades representantes do Estado, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, o chefe da Casa Civil do Presidente da República, O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e o deputado Guilherme Silva.
Mas há também outras personalidades nesse sector à direita do Papa, como D. Duarte Pio de Bragança ou a miraculada, Guilhermina de Jesus.
De resto, os primeiros portugueses começam a chegar a Roma já na próxima sexta-feira, dia em que se realiza a primeira vigília.

O PROCESSO QUE CHEGOU AO FIM

Após várias tentativas de canonização de D. Nuno Álvares Pereira, ao longo dos séculos, este processo, iniciado em Abril de 2004 pela Ordem do Carmo e pela diocese de Lisboa, acabou por alcançar um objectivo desejado há quase 570 anos. Estas duas caixas continham o processo que chegou ao fim.

DEZ SANTOS PORTUGUESES NASCIDOS APÓS A NACIONALIDADE

S. Teotónio (1082-1162)
Nasceu em Valença, é padroeiro de Viseu e considerado o primeiro santo português
SANTO ANTÓNIO (1179-1231)
É o mais conhecido santo português e ombreia em popularidade S. Francisco.
S. GUALTER (canon. em 1260)
Foi o primeiro frade franciscano a fixar-se em Guimarães. Ajudava os pobres.
SANTA ISABEL (1271-1336)
Rainha de Portugal, esposa de D. Dinis. Foi canonizada por Urbano VIII em 1625.
S. JOÃO DE DEUS (1495-1550)
É o padroeiro dos hospitais e foi canonizado em 1690 pelo Papa Alexandre VIII.
S. FREI GIL (1190-1265)
Nasceu em Vouzela, morreu em Santarém e foi canonizado por Bento XIV em 1748.
S. GONÇALO GARCIA (1557-1597)
Filho de portugueses, nasceu na Índia e foi martirizado no Japão. Canonizado em 1862.
S. JOÃO DE BRITO (1647-1693)
Nasceu em Lisboa e morreu, martirizado, na Índia. Canonizado por Pio XII em 1947.
SANTA BEATRIZ DA SILVA (1426-1492)
Nasceu em Campo Maior e morreu em Espanha. Canonizada por Paulo VI em 1976.
S. NUNO DE SANTA MARIA (1360-1431)
Herói de Aljubarrota, condestável e carmelita. Canonizado por Bento XVI em 2009.

VIGÍLIAS DE LOUVOR EM VÁRIAS IGREJAS DA CIDADE DE ROMA

Além da cerimónia de canonização, marcada para as 10h00 de domingo, estão previstas, mesmo no programa oficial, uma série de vigílias e celebrações, em várias igrejas de Roma, de louvor e agradecimento a Deus, "pela graça de Portugal ter mais um santo".
A primeira vigília ocorrerá já na sexta-feira à noite, altura em que muitos portugueses já estarão em Roma, e terá lugar no Colégio Pontifício Português. No sábado, pelas 19h30, o padre Fernando Millán, prior-geral da Ordem do Carmo, celebrará uma vigília na Igreja de Santa Maria, em Traspontina. Mas a grande vigília está marcada para as 21h00, na Igreja de Santo António dos Portugueses, e vai ser presidida pelo Patriarca de Lisboa.
Para além de D. José Policarpo, devem participar nesta celebração diversos prelados portugueses, como D. Jorge Ortiga, D. José Alves ou D. António Vitalino.
Na tarde de domingo, a Embaixada de Portugal junto da Santa Sé promove uma recepção com os prelados portugueses e elementos da hierarquia da Cúria Romana, como os cardeais D. Ângelo Amato, D. Ivan Dias e D. José Saraiva Martins.
De resto, na segunda-feira à tarde, o Cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, celebra uma Eucaristia de acção de graças na Basílica de São Paulo Fora de Muros. Na Terça, dia 28, há ainda uma Missa na Ordem do Carmo em Roma.

NO ALTAR DE UMA IGREJA LISBOETA


Em meados do século passado, mais de 30 anos após a beatificação de Nuno Álvares Pereira, o Patriarcado de Lisboa criou a paróquia do Santo Condestável. Foi construída uma igreja de raiz, toda dedicada ao ‘santo’ e herói da pátria. No dia 10 de Maio, esta paróquia vai realizar uma festa, para a qual D. Policarpo já convidou toda a diocese, em honra de S. Nuno de Santa Maria.

LIVRO REVELA TUDO SOBRE NOVO SANTO


Foi e é um dos maiores heróis nacionais. Primeiro venceu Aljubarrota, garantindo a independência de Portugal e agora, 570 anos após a morte, conquistou a santidade. Neste livro, disponível amanhã, na compra do CM, por apenas 1,5 euros, pode conhecer a vida de D. Nuno Álvares Pereira que, através da cerimónia de canonização do próximo domingo, sobe aos altares do Mundo. Ficará, ainda, a conhecer as suas facetas de guerreiro e de monge carmelita, assim como a evolução do processo de canonização, e o motivo pelo qual o mesmo se arrastou ao longo de vários séculos.

COMISSÃO DE HONRA
Cavaco Silva
Presidente da República
Jaime Gama
Presidente da A. República
Luís Amado
Ministro dos Neg. Estrangeiros
Luís Valença Pinto
CEMG das Forças Armadas
D. José Policarpo
Cardeal-patriarca de Lisboa
D. Jorge Ortiga
Presidente da CEP
Agostinho M. de Castro
Provincial Carmelita
D. Duarte Pio
Duque de Bragança


SAIBA MAIS

LONGO
Os processos de beatificação e canonização são sempre muito longos e difíceis. Os passos são muitos e em cada um deles é exigido algo muito difícil de provar: um milagre.

5
Só cinco anos após a morte de uma pessoa com fama de santidade é possível iniciar o processo de beatificação. A não ser que haja autorização do Papa, sempre excepcional, para antecipar o prazo, como aconteceu com a Irmã Lúcia.

570
Foram os anos que a Ordem do Carmo e Portugal tiveram de esperar para ver D. Nuno Álvares Pereira ser elevado aos altares do Mundo.

ESPERA
Portugal tem 23 processos de canonização e beatificação em espera no Vaticano. Uma lista que inclui os Pastorinhos Jacinta e Francisco, o padre Américo e o famoso Padre Cruz.


Secundino Cunha

Correio da Manhã Sete mil imagens vendidas

Canonização: Negócio à volta do novo santo já rendeu um milhão
Sete mil imagens vendidas


À conta da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, marcada para as 10h00 de domingo em Roma, já foram vendidas em Portugal, e só nos últimos dois meses, mais de sete mil imagens do Santo Condestável.
"Sempre se vendeu bem, sobretudo para grupos de escuteiros e movimentos específicos, mas desde que foi anunciada a data da canonização, ou seja, nos últimos dois meses, as vendas e as encomendas subiram muito", disse ao Correio da Manhã Luís Filipe Fonseca, administrador da casa de arte sacra bracarense J. Vieira da Fonseca.
Mas a esmagadora maioria das imagens tem sido vendida em Lisboa e em Fátima, com as encomendas a chegar às casas de arte sacra de todo o País.
Fonte da associação dos comerciantes de arte sacra assegurou ao CM que entre vendas e encomendas, nos últimos dois meses, foram comercializadas no nosso país mais de sete mil imagens do décimo santo português.
Os preços variam muito consoante o tamanho e o material de que são feitas. Uma imagem de 20 centímetros em terracota, por exemplo, custa 25 a 30 euros, enquanto uma imagem de madeira, pintada à mão, e com um metro de altura, ascende aos 2120 euros.
Luís Fonseca recebeu encomendas de todo o País, e até da Alemanha, para onde enviou duas em madeira, uma de D. Nuno monge e outra de D. Nuno guerreiro, ambas com um metro de altura.
"O que mais se vende são as imagens de 50 ou 60 centímetros em terracota, que custam entre 100 e 150 euros. As de madeira são muito mais caras e por isso têm menos procura", assegurou o comerciante.
De resto, para além das compras individuais, têm sido feitas, nos últimos tempos, encomendas em quantidade para colectividades, como paróquias e grupos de escuteiros, conseguindo assim um preço mais em conta.
Onde se compraram umas dezenas de imagens foi em Cernache do Bonjardim, terra natal de D. Nuno Álvares Pereira. No próximo domingo, dia da canonização do mais ilustre filho da terra, as janelas de todas as casas e as montras das lojas comerciais terão pelo menos uma imagem de S. Nuno de Santa Maria.
Imagens, umas antigas, outras agora adquiridas, vão ser exibidas também em grande parte nas sedes de agrupamentos escutistas e nos vários conventos e organismos pertencentes à Ordem do Carmo.


"O POVO ESTÁ DIVORCIADO": D. Januário T. Ferreira, Bispo das Forças Armadas
Correio da Manhã – Acha que estamos perante uma iniciativa de grande popularidade?
D. Januário – Infelizmente, penso que não. A mim parece-me que os portugueses estão divorciados da canonização do Beato Nuno. O povo não está em festa.
– O que o leva a dizer isso?
– A forma como tudo isto foi preparado, ou seja, mal preparado.
– É um devoto do novo santo?
– Sou e tenho pena da forma devocionista e serôdia como ele tem sido apresentado aos portugueses. Aconselho o texto que D. António Ferreira Gomes sobre ele escreveu em 1931.
– Já disse ao ‘CM’ que não vai estar na canonização porque tem o casamento de um sobrinho. Nada se alterou?
– Rigorosamente nada.

"QUEREMOS QUE SEJA A FESTA CONTRA A CRISE"
Os promotores da canonização do Beato Nuno querem que esta cerimónia religiosa seja "um verdadeiro sinal contra a crise".
Para o padre Francisco Rodrigues, vice-postulador da causa, "trata-se de pedir para que aconteça agora o que sempre aconteceu com o Condestável no passado".
"Teve, como se sabe, um papel fulcral no terminar da crise de 1383-85 e quando foi beatificado, em 1918, ajudou à saída de uma profunda crise motivada pela Implantação da República e pela I Grande Guerra", disse o sacerdote carmelita.
Agora a crise que se vive é outra, de carácter económico e financeiro, mas, sublinhando que a crise actual é também de valores, o padre Francisco Rodrigues é claro: "Queremos que seja uma festa contra a crise, que a canonização do Beato Nuno seja um sinal de esperança."
O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), padre Manuel Morujão, destacou ontem, em Fátima, a "grandeza espantosa" de Nuno Álvares Pereira, considerando que "ilumina a todos", desde políticos a religiosos.
"É uma figura ímpar da nossa História, da história do heroísmo humano, mas também do heroísmo de santidade", declarou Manuel Morujão.
O responsável sublinhou que Nuno Álvares Pereira foi alguém que, "perante uma crise nacional grave, de identidade e de independência, arriscou a sua vida e entusiasmou as pessoas por uma causa".


Secundino Cunha / Lusa

À Descoberta de Nun'Álvares

No âmbito da canonização do Beato Nuno Santa Maria, no dia 26 de Abril de 2009, o Centro Cultural Nuno Álvares Pereira realiza, com o apoio do SDPJ de Setúbal e da Planeta Editora, um concurso de criação audiovisual.
Intitulado “À Descoberta de Nun'Álvares”, consiste na criação de uma apresentação multimédia, onde será retratada a vida de Nuno Álvares Pereira, desde o seu nascimento até à sua morte.
O concurso é aberto a todos os jovens, dos 12 aos 17 anos, inclusive, da Diocese de Setúbal e das escolas do concelho do Seixal. Os jovens podem concorrer individualmente ou em equipas.
O prémio será a criação de um DVD de divulgação, tendo por base a apresentação vencedora, ao qual se juntarão diversos livros sobre Nuno Álvares Pereira.
Os trabalhos deverão ser remetidos ao CCNAP até 31 de Maio. Os vencedores serão conhecidos no dia 10 de Junho, no site da Internet do CCNAP.
O regulamento e informações adicionais estão disponíveis em
www.ccnunoalvares.org

Almoço-Debate: O significado da canonização de Nuno Álvares Pereira

CTT: Selo Nuno Álvares Pereira

Correio da Manhã
21.04.2009. pág. 41

Recital Nuno do Carmo e os Painéis dos Mestres

No passado sábado, 4 de Abril, estreou na Igreja do Montijo o recital Nuno do Carmo e os Painéis dos mestres.É uma iniciativa conjunta do grupo Novos Universitários Católicos, NUCA, (FCT - Monte da Caparica) e do Vale de Acór, e surgiu por ocasião da Canonização do Santo Condestável no próximo dia 26 de Abril de 2009, em Roma.
O argumento resume os momentos históricos da vida de D. Nuno Álvares e é constituído por nove painéis alusivos à sua vida, às virtudes e qualidades do Santo: Biografia, A Honra, Pátria, A Liberdade, A Fé, A Caridade, A Pobreza, A Confiança, O Santo. Nestes painéis foram inseridas obras de vários mestres da literatura.
Os textos de Camões, Pessoa, Paul Claudel, Murilo Mendes e Dr. Cerejeira, e outros, foram interpretados por Adélia Nogueira Ramos, Bruno Couto, José Nogueira Ramos e Sara Ideias.
O recital foi acompanhado por vários momentos musicais de Guitarra Portuguesa tocada pelos jovens guitarristas David Matias, Diogo Faria e Domingos Mira.
As próximas actuações serão a 18 de Abril, no auditório da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Porto, a 9 de Maio na Sé de Lisboa.

Entrevista: Canonização de Nuno Álvares é uma festa de Portugal

O homem que conduziu o processo de Nuno de Santa Maria no Vaticano, Cardeal José Saraiva Martins, não esconde o seu sentimento de gratidão por ter podido encerrar o seu percurso à frente da Congregação para as Causas dos Santos deixando praticamente concluído todo o dossier que levará à canonização de mais um português. Em entrevista à ECCLESIA, o Cardeal fala numa “figura gigantesca” que nem sempre foi bem compreendida ao longo da história.
Ecclesia – O que faz de Nuno Álvares Pereira um Santo?
Cardeal José Saraiva Martins – Essa pergunta vale para todos os outros Santos, a espiritualidade é a sua santidade. O Beato Nuno não é uma figura fora de moda, é actualíssima, por causa da mensagem que nos transmite.
É admirável na sua espiritualidade carmelita e no seu amor pelos pobres, o que é hoje muito actual. Nos últimos anos da sua vida, como se sabe, passava o tempo pelas ruas de Lisboa, a pedir esmola para os mais desfavorecidos, o que supõe um amor fantástico ao próximo. Hoje, quando se fala tanto em pobres, o exemplo do beato Nuno pode ser uma mensagem extremamente importante para a Igreja portuguesa, convidada a seguir o seu exemplo.
Por outro lado, tem uma espiritualidade profundamente mariana: antes e durante as batalhas, ajoelhava-se e rezava a Nossa Senhora. Isto é muito significativo, muito importante, era um militar e fazer isso supõe um grande acto de heroísmo.
Ecclesia – Que outras virtudes destacaria nesta figura?
JSM – Acima de tudo, a sua humildade. Deixou tudo, absolutamente tudo, e fez-se carmelita para se dedicar à vida religiosa e aos pobres. Esta é uma virtude que praticou em grau heróico.
Ecclesia – A devoção ao Beato Nuno já teve uma expressão considerável...
JSM – Já teve e eu acho que ainda tem, porque esta devoção está muito divulgada em Portugal, ele é um bocado como o São Genaro em Nápoles: para eles, aquele Santo protector é tudo.
Hoje, a devoção é muito viva entre o povo cristão, para os fiéis.
Ecclesia – Uma devoção muito mariana...
JSM – Sim, como disse antes, fica visível nos pedidos de ajuda e protecção à Mãe de Deus antes das batalhas, uma expressão clara e evidente da devoção profunda e interior a Nossa Senhora.
Ele era um Santo do seu tempo e não devemos criticar certas devoções de então, porque pecaríamos com um anacronismo histórico. Temos de interpretar a história no contexto do passado. Seria um passado imperdoável ver com os olhos de hoje a história de ontem e isso vale também para o Beato Nuno, que viveu num tempo muito diferente do nosso. Contudo, a mensagem é a mesma e é validíssima.
Ecclesia – Na sua opinião, porque é que o processo esteve parado durante tanto tempo?
JSM – Isso será alvo de um estudo que irei publicar, em que lanço um olhar sobre as várias fases do processo. A demora aconteceu, muitas vezes, por questões burocrática, outras vezes por não se ter compreendido a figura gigantesca do Beato Nuno.
Ecclesia – Não foi compreendido no Vaticano?
JSM – Não tanto no Vaticano, mas fora do Vaticano. Para dar um exemplo, em 1942 o Beato Nuno poderia ter sido canonizado, o Papa Pio XII tinha a convicção de que seria bom canonizá-lo e declarou-se disposto a fazê-lo por via de um decreto, ou seja, sem cerimónia litúrgica na Praça de São Pedro. Esta proposta, contudo, não foi aceite e acabou por se ficar sem a canonização e sem a cerimónia.
Ecclesia – Não foi aceite por quem?
JSM –A História é sempre complexa, seria muito longo explicar tudo aqui. Esteve em causa o compreender bem a história, o valor daquela figura e o significado da canonização.
Ecclesia – Hoje já ouvimos por aqui alguma contestação à canonização, até por causa do próprio milagre...
JSM – Quem faz essas afirmações teria de prová-las. Respondo afirmando que a cura da senhora Guilhermina de Jesus foi examinada (no Vaticano, ndr) pelo grupo de médicos, profissionais reputados, catedráticos universitários, que olham para o caso apenas do ponto de vista científico. É a voz da ciência, nua e crua, os médicos da Congregação para as Causas dos Santos têm de agir como cientistas, chegámos mesmo a pedir pareceres a médicos agnósticos, nalguns casos. Se quem contesta o milagre quer ser mais do que os especialistas, então isso é outra coisa...
Ecclesia – Entende que hoje é possível conhecer melhor a figura para ultrapassar ambiguidades?
JSM – Certamente, hoje temos meios de que os nossos antepassados não dispunham.
Ecclesia – Como sente que está a ser vivida a preparação da cerimónia?
JSM – Com muito entusiasmo, pelo que pude observar, a começar pela família carmelita, que há muito tempo aspirava por este dia. Muitos portugueses irão a Roma e eu, como prefeito que levou ao fim este processo, sou a pessoa mais feliz do mundo.
Ecclesia – Sente que foi a cereja no cimo do bolo do trabalho que fez na Congregação?
JSM – Não, no fundo foi o Beato Nuno quem fez outro milagre, para ser canonizado agora, porque nos últimos 3 meses da minha prefeitura fez-se o que se faz, muitas vezes, em muitos anos: o exame da cura por parte dos médicos, dos teólogos, dos Cardeais da Congregação e, finalmente, a aprovação do Papa numa audiência privada. Foram meses muito intensos. Eu achava que era importante deixar a prefeitura com tudo terminado.
Ecclesia – A canonização pode ser uma oportunidade para reavivar o catolicismo português?
JSM – Eu acho que pode ser uma ocasião para rever certas posições de muitos crentes, para reavivar a fé, porque qualquer canonização é um momento importantíssimo para o país de origem do novo santo. É um erro pensar que só a Igreja está interessada nestes eventos, é também o Estado, todo o povo.

Carmelitas de Viana homenageiam novo Santo português


No próximo dia 25 de Abril, véspera da canonização, em Roma, pela Igreja Católica, de S. Nuno de Santa Maria, a Ordem dos Padres Carmelitas de Viana do Castelo presta tributo a Dom Nuno Álvares Pereira, com uma caminhada até ao Monte do Castelo.
A saída da cidade, junto à igreja do Carmo, está prevista para as 10 horas de sábado e culmina, em Castelo do Neiva, no local onde está erigida uma estátua do Santo Condestável e por onde passaram as suas relíquias.
Após a chegada a Castelo do Neiva, que está prevista para as 12:30 horas, seguir-se-á o almoço de confraternização entre os participantes. Pelas 15 horas será celebrada uma eucaristia de Acção de Graças junto ao Monumento do Beato Nuno.
Nuno Álvares Pereira está ligado à história de Castelo do Neiva, sobretudo, porque há 624 anos, em plena crise da nacionalidade, a 12 de Abril de 1385, tomou o castelo ali existente.

Portugal sintonizado na canonização do Santo Condestável

De Norte a Sul do país, a canonização de D. Nuno Álvares Pereira será celebrada de diversas formas. Uma vigília no sábado (25 de Abril) e uma missa de Acção de Graças, a 10 de Maio, são as celebrações previstas na diocese de Lisboa para assinalar a canonização do Beato Nuno de Santa Maria.
D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, estará em Roma, presidindo na noite de sábado a uma vigília de oração na Igreja de Santo António dos Portugueses, enquanto em Lisboa D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar, dirige idêntica celebração na Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
O Cardeal Patriarca conclui as celebrações da canonização com uma missa de Acção de Graças no dia 10 de Maio na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, onde desde 1951 repousam os restos mortais do mais recente santo português.
Na localidade de Ourém, onde Guilhermina de Jesus sofreu a queimadura na córnea, cuja cura viria a ser atribuída à intercessão do beato Nuno, será assinalada a canonização no próximo domingo com uma missa às 11:00 na Colegiada, em plena zona histórica, seguindo-se o descerramento de uma lápide junto à estátua de D. Nuno Álvares Pereira.
Por sua vez, em S. Jorge, concelho de Porto de Mós, onde em 1385 o Condestável liderou as forças portuguesas que derrotaram os castelhanos, a canonização vai ser seguida em ecrã gigante que a Fundação Batalha de Aljubarrota vai instalar junto à capela ali existente.
O mesmo vai acontecer na vila alentejana do Crato, no concelho de Portalegre, que vai assinalar a canonização do Beato Nuno Álvares Pereira com um vasto conjunto de iniciativas de âmbito festivo, reflexivo e religioso. O primeiro acto, promovido por várias entidades daquele concelho, ocorrerá no domingo, 26 de Abril, com a transmissão em directo da cerimónia de canonização no interior do Mosteiro de Santa Maria, em Flor da Rosa. O mosteiro, monumento nacional, está intimamente ligado a Nuno Álvares Pereira, uma vez que foi mandado construir pelo seu pai, D. Álvaro Gonçalves Pereira, que aí se encontra sepultado.
De acordo com a organização, até ao mês de Abril de 2010, vão ser programadas várias actividades culturais, como concertos, exposições e conferências, para assinalar este acontecimento.
Por sua vez, o município local vai criar uma condecoração oficial, incluir o nome do novo santo na toponímia do concelho e construir um monumento evocativo à canonização. Estão também previstas, ao longo do ano, várias iniciativas de carácter militar para homenagear o novo santo.
A organização espera ainda efectuar a inclusão da liturgia do Beato Nuno Álvares Pereira nas paróquias daquele concelho, com especial destaque nas freguesias de Flor da Rosa e Crato. Também o Mosteiro das Carmelitas Descalças do Crato será mobilizado e envolvido nesta iniciativa de cariz religioso.
Por todo o país, entretanto, é esperado que o tema seja abordado na generalidade das paróquias durante as cerimónias religiosas de domingo.
É o que vai acontecer na ilha do Pico, nos Açores, onde a Ouvidoria local, se vai associar à canonização de Nuno Álvares Pereira com uma celebração solene na Igreja da Candelária, a única paróquia da Diocese de Angra do Heroísmo que tem um templo dedicado ao beato português. O templo situa-se no lugar da Mirateca e a eucaristia será presidida por D. Arquimínio Rodrigues da Costa, Bispo Emérito de Macau, e concelebrada pelo clero da ilha do Pico. No final, realiza-se uma procissão com a imagem de S. Nuno, desde aquela igreja até à sua Ermida, na Mirateca.

Secretário da CEP destaca dimensão excepcional do Condestável

O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Pe. Manuel Morujão, destacou esta Quarta-feira, em Fátima, a “grandeza espantosa” de Nuno Álvares Pereira, que será canonizado a 26 de Abril, considerando que o Condestável “ilumina todos”, desde políticos a religiosos.
“É uma figura ímpar da nossa história, da história do heroísmo humano, mas também do heroísmo de santidade”, declarou, num encontro com os jornalistas sobre os trabalhos da Assembleia Plenária da CEP.
Este responsável sublinhou que o Beato Nuno foi alguém que”perante uma crise nacional grave, de identidade e da própria independência, arriscou a sua vida e entusiasmou as pessoas por uma causa”.
“Num momento em que ouvimos histórias de corrupção, de falências fraudulentas, etc., trazer ao de cima um homem destes é um exemplo muito actual”, defendeu.
O Pe. Morujão recorda que o Condestável organizou um campo de acolhimento para os feridos, depois da Batalha de Aljubarrota, mostrando “grande humanidade” mesmo depois da batalha, “uma história trágica e muito triste”.
A CEP publicou em Março deste ano uma Nota Pastoral por ocasião da canonização de Nuno Álvares Pereira, apresentado como uma “relevante personagem histórica, digna de ser conhecida e imitada nos dias de hoje”.
Para o secretário do episcopado, o futuro Santo português, a quem pertencia “meio Portugal”, distribuiu os seus bens e quis ser um “simples irmão”.
“Esta radicalidade do Evangelho, numa vocação destas, mais fica clara”, apontou.
O sacerdote referiu ainda a criação da “sopa dos pobres” como um acto do Condestável, que servia ele próprio refeições aos mais desfavorecidos. “Isto mostra um coração de uma grandeza espantosa”, indicou.
Em relação à existência de um erro nos convites oficiais para as cerimónias de canonização, em que o apelido Álvares é apresentado como “Alvarez”, o Pe. Manuel Morujão considerou que são “erros que não deviam acontecer”.

Canonização junta portugueses em Roma


Milhares de portugueses marcarão presença na cerimónia de canonização do Beato Nuno Álvares Pereira, na manhã deste Domingo, em Roma. É a primeira vez em mais de 30 anos que a Igreja em Portugal vive um momento semelhante.
Nas agências de viagens, a procura foi significativa e excedeu mesmo as expectativas. Mais de 700 portugueses deslocam-se ao Vaticano em grupos organizados por estas agências, mas há que somar quem se desloca a título individual, quem já se encontra em Roma ou noutras partes da Europa.
O “contingente” português irá distinguir-se pelos mais de 700 lenços e 2500 bonés que a Ordem do Carmo encomendou para esta cerimónia.
A concelebrar com Bento XVI estarão dez portugueses, entre os quais os Cardeais D. José Policarpo e D. José Saraiva Martins. Outros Bispos, padres, carmelitas e demais fiéis ficarão entre as mais de 15 mil pessoas esperadas para a cerimónia. Portugal terá ainda representantes do Governo, do Presidente da República, do Estado-Maior das Forças Armadas e do Parlamento. Só do Patriarcado de Lisboa deslocam-se a Roma para participar nas cerimónias cerca de trezentos peregrinos. O Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português (CNE) reservou um voo charter que vai levar 202 elementos até ao Vaticano.
Juntamente com o novo santo português serão canonizados os beatos italianos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Gertrude (Caterina) Comensoli e Caterina Volpicelli.
Nuno de Santa Maria (1360-1431) foi beatificado em 1918 por Bento XV e nos últimos anos, a Ordem do Carmo (onde ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiram retomar a defesa da causa da canonização. A sua memória litúrgica celebra-se, actualmente, no dia 6 de Novembro.
O processo de canonização foi reaberto no dia 13 de Julho de 2003, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa.
A cura milagrosa reconhecida pelo Vaticano foi relatada por Guilhermina de Jesus, uma sexagenária natural de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a fritar peixe.
A cura de Guilhermina de Jesus, depois de ter pedido a intervenção do Santo Condestável, foi observada por diversos médicos em Portugal e foi analisada por uma equipa de cinco médicos e teólogos em Roma, que a consideraram miraculosa.
A história deste processo já poderia ter conhecido o seu epílogo quando, na década de 40 do século passado, o Papa Pio XII se manifestou interessado em canonizar o Beato português por decreto. O estado de uma Europa destruída pela II Guerra Mundial fez, porém, com que a Igreja portuguesa recusasse este motivo de festa.
Trabalhos levados a cabo pelos Cardeais Patriarcas de Lisboa D. José III (1883-1907) e D. António I (1907-1929), secundados pela Ordem do Carmo, culminaram com o Decreto da Congregação dos Ritos “Clementissimus Deus” de 15 de Janeiro de 1918, ratificado e aprovado pelo Papa Bento XV em 23 do mesmo mês e ano. Esses trabalhos, retomados pelo Episcopado Português, culminaram com a já referida permissão de Pio XII para que o processo da canonização prosseguisse.
Bento XVI fez até hoje 763 beatos e 18 novos Santos. O “recordista” João Paulo II fez 482 novos Santos e 1342 novos Beatos, num pontificado de 26 anos e meio.