Ao Condestável, jubilosamente
Homens d`armas, pendões, o clangor dos clarins
Rodeiam-te o retrato em corpo inteiro
Pintado pelo génio de Junqueiro,
De Oliveira Martins.
O meu, de ti, não tem moldura,
Que se perdeu na Grande Perdição:
Noite escura
E apenas tu, clarão!
Envergas um burel (penitência e desterro),
Mas, debaixo do hábito, o arnês!
E o coração de português!
E o ímpeto de ferro!
Quando a rubra invasão destruiu Portugal,
Ninguém formou quadrado,
Cada qual escapou pra cada lado:
Temerosos do fim, talharam o final!
Aqui ficaste só com tua espada
Mas sem vassalos,
Mal se escutou da Tróia conquistada
O tropel dos cavalos.
Nasce de ti a esperança do resgate,
Alma de santo, pulso de herói:
Tu chamas ao combate
Contra a morte que é, pela vida que foi.
E hás-de reunir em teu redor,
Para expulsar de vez o inimigo,
Alas verdes, viris, como o tempo da flor;
Saudáveis, imperiais, como um facho de trigo!
Elas, sim, lutarão em campo aberto
Pelo sinal da Cruz e teu sinal.
— A nova Aljubarrota já vem perto,
Portugal!
António Manuel Couto Viana.
In «Sou quem fui», Edições Ática, Lisboa, 2000, págs. 146/147.
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