Nuno Madruga
A Pátria Nova
que nascera
e de Melgaço a Sagres
se fizera
com sangue e com milagres,
abertas as feridas tem de novo
que D. Dinis fechara.
A carne pródiga da terra e a do povo,
em seu amor e vida,
por três vezes a lança castelhana
abrira e retalhara.
E, por três vezes,
a lança regressara
ao ponto de partida...
Pátria Menina,
agora não tem rei.
Nem Rei, nem lei,
senão de má rainha...
E, onde a lança fora,
o Castelhano volta e quer agora
impor como sinal
o seu pendão real.
Mas eis que surge, ao longe,
de mãos com o Destino,
luminoso perfil de cavaleiro!
Traz palavra gritante como um hino,
traz um olhar de monge
e a força de um guerreiro!
É Nuno quem lá vem! Chega sozinho,
mas vem seguro e certo,
como se, além do seu caminho,
longe ou perto,
não visse outro caminho!
À sua voz, quedou-se a voz traidora
dos pregoeiros da terra posta à venda.
— S. Jorge e Portugal!
D. Nuno acorre.
E, nessa hora,
recomeça a escrever-se a história que não morre
e mais parece encantadora lenda!...
Maurício de Queirós.
In «Dom Nuno», Liv. Figueirinhas, Porto, 1958, págs. 9/10.
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