segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Exposição do 650.º aniversário de Nun’Álvares Pereira

A Fraternidade Nuno Álvares - Região de Setúbal promove uma exposição de 6 a 13 de Novembro, na Igreja de Santiago - Castelo de Palmela, no âmbito do 650º aniversário do nascimento do patrono da associação.
Inicia-se dia 6 Novembro, pelas 14h, com uma Sessão Solene (para a qual se encontram convidados o Governo Civil de Setúbal, S. Ex.a rev.a o Bispo de Setúbal, o Presidente da Câmara Municipal de Palmela, Juntas de Freguesia da Quinta do Anjo e Palmela, Bombeiros Sapadores de Setúbal e Voluntários de Palmela, entre outras entidades).
A Sessão Solene contará com a presença de diversos oradores, que abordarão algumas facetas de Nuno Álvares Pereira: o Militar, o Santo e o Homem. Encerra com um momento musical a cargo do Conservatório Regional de Setúbal.
Finda a Sessão Solene, será inaugurada a exposição relativa à figura de Nuno Álvares Pereira.
Reunirá espólio dos diferentes Núcleos da FNA, do Centro Cultural de Nuno Álvares Pereira, da Escola Prática de Infantaria e alguns artigos da FNAC.

sábado, 11 de setembro de 2010

Nuno Álvares, Chefe Militar. Texto de Brandão Ferreira

“Não haja medo por serem tantos! Conheço-os bem, pois lavei as minhas mãos no sangue deles, em Trancoso! O que vão é dar-nos muito trabalho a matar, porque são muitos!”
Egas Coelho, antes de Aljubarrota se dar
Tenho para mim que o Comando e a Liderança são o fulcro de toda a actividade militar e pode-se dizer que D. Nuno bem passou dos conceitos à boa prática. Do comando, que tem a ver fundamentalmente com o uso da autoridade investida fez o Condestável bom uso, em termos de pessoal, na táctica, na logística, na organização do terreno, das tropas e da disciplina.
Vindo comandar do latim “cum+mandare”, que quer dizer mandar com os outros, nunca D. Nuno mandou sozinho, ouvindo o seu conselho e dirigindo-se às tropas, sem embargo de manter uma disciplina estrita e regras éticas.
Como líder conduzia os homens de um modo personalizado, protegia-os, motivava-os, moralizava-os invocava princípios superiores, incutia-lhes Fé e dava o exemplo.
Numa palavra, fazia-se amar pelos seus homens que é o estádio mais elevado a que pode aspirar um chefe militar.
Com D. Nuno Álvares a hoste medieval indisciplinada e desorganizada por natureza, tornou-se uma unidade coesa e com unidade de comando. A sua tropa estava disposta a morrer, pelejando, e isto faz toda a diferença.
Convém elaborar um pouco sobre o pequeno Exército do Condestável.
O núcleo inicial desta força foi constituída após a nomeação de D. Nuno como Fronteiro - Mor de entre Tejo e Odiana a seguir ao levantamento do cerco de Lisboa, pelo Rei de Castela, em 1384.
D. Nuno apostou na qualidade e pediu a Peres Anes Lobato que conhecia bem os homens de armas de Lisboa, que lhe escolhesse “poucos mas honestos e valentes e de preferência alentejanos!”
Estamos em crer que D. Nuno organizou a sua hoste um pouco à semelhança das Companhias Livres, que eram grupos de mercenários que tinham surgido na Europa na sequência da Guerra dos 100 anos e faziam um contrato – um condotte – com uma das partes da contenda batalhando por esta. Algumas destas “companhias” estacionaram em Portugal desde o tempo de D. Fernando. Estas companhias estavam por assim dizer, profissionalizadas, conheciam as últimas tácticas e técnicas e o armamento mais moderno.
D. Nuno terá substituído na sua hoste, o lucro financeiro pelo patriotismo.
Apesar de muito novo o Fronteiro Mor não deixava nada ao acaso; treinava as tropas e testava-as. Por exemplo poucos dias depois de ter saído de Lisboa para o Alentejo estando acampados perto de Setúbal, provocou um falso alarme, dizendo que 300 lanças castelhanos vinham sobre eles. E constatou com alegria como de pronto se aprestaram em ordem e com bom ânimo para o combate, concluindo, que a sua hoste era como um corpo vivo, por onde circulava o bom sangue do mesmo bom desejo”!
Para além de um conjunto alargado e homogéneo de virtudes militares que características podemos evidenciar em D. Nuno?
Para já a aprendizagem e o conhecimento. Camões afirmava que “não houve bom capitão que não fosse douto e ciente” e o condestável cedo aprendeu as novas tácticas e técnicas do seu tempo. Preparou-se para a guerra do futuro e não para a do passado.
Ligado a este saber temos a iniciativa e a inovação, que se pode sintetizar nas palavras de Fernão Lopes “ Este D. Nuno foi o primeiro que da memória dos homens até este tempo, pôs batalha pé terra em Portugal e venceu …”.
Usava de astúcia e era exímio organizador de terreno, não só escolhendo locais adequados para dar batalha como pela utilização de abatizes, valas e covas de lobo. Era na organização do terreno que D. Nuno conseguia contrabalançar o efeito do número, como tão bem ficou demonstrado em Aljubarrota.
Mas D. Nuno sabia usar a audácia e o risco calculado em alto grau. Era capaz – tal como Mouzinho - de arriscar tudo em lances decisivos. Tinha Fé e se algumas vezes teve dúvidas, guardava-as para si.
Apesar da benegnidade do seu relacionamento não deixava de ser um disciplinador severo, pois sem disciplina não existe exército, e disso nos dá conta também Fernão Lopes “pos e os todos em batalha per hordenança como devia, e assi foram regidos pée terra…” Impôs ainda, e por exemplo, a expulsão de todas as mulheres da hoste e bem assim proibiu o jogo de dados” – Não creio que estas medidas estejam desactualizadas!...
Conto aqui um pormenor: o único pertence de D. Nuno que aparentemente chegou aos nossos dias, é a espada que está no Museu Militar. Essa espada cuja lâmina de origem alemã, é original, ao contrário do punho que é do século XVI, não era a sua espada de combate, mas era o seu símbolo de autoridade, pois era a espada de execução. Estava à guarda do seu Meirinho Mor João Gonçalves que também professou na Ordem do Carmo e mais tarde entrou para o Convento de Lisboa, com D. Nuno. Foi ele que a levou para lá e assim se salvou.
Finalmente a última característica que gostaria de salientar é a coragem moral de D. Nuno. E esta nos grandes chefes é ainda mais importante do que a coragem física.
Munido dessa coragem D. Nuno soube sempre defender aquilo em que acreditava duma maneira leal, mas também frontal. E não teve pejo de enfrentar o Conselho do Rei e o próprio Rei. Por vezes estas atitudes só não se transformaram em desobediência porque o monarca acabou por concordar com as suas posições.
Num outro campo houve divergências. Refiro-me ao cerco e tomada de vilas e cidades. D. João I empenhou-se nestas acções enquanto que D. Nuno as evitava.
Temos que julgar os dois personagens em âmbitos distintos, porém, D. João era o Rei e por isso tinha que atender a todos os negócios e a todas as sensibilidades. D. Nuno era apenas o Comandante do Exército.
Mas a amizade e a lealdade entre os dois homens manteve-se incólume até ao fim do seus dias, coisa rara também de se ver, no reino de Portugal.
E a ditadura do tempo obriga-me a ficar por aqui.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Painel da autoria de Raúl Xavier

Painel da autoria de Raúl Xavier.
Campo de S. Jorge. Aljubarrota.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lápide no Campo de São Jorge, em Aljubarrota


Lápide de homenagem da Milícia da Mocidade Portuguesa no Campo de S. Jorge, em Aljubarrota.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

A Batalha de Aljubarrota por Diogo Pacheco de Amorim

A Batalha de Aljubarrota


1 - O Campo de Aljubarrota
O sol queima os campos de Aljubarrota. Silêncio abrasador, de princípio de um mundo onde nada respira, nada se ouve e nada mexe. Apenas a terra torturada parece contorcer-se lentamente, muito lentamente, na procura vã, no fundo de si própria, de uma gota de água...

2 – Chegada das Tropas Portuguesas
Reverberações trémulas de cores sem destino e sem sentido; do norte, do sul, do nascente e do poente, aproximam-se lentamente e precisam-se naquele espaço e naquele tempo onde todo um Destino será jogado. Cavalos ajaezados, cavaleiros de aço chispando ao sol os símbolos e as cores das suas raças, peões da cor da terra queimada formigando pelas veredas; o silêncio quebra-se e a paisagem ganha vida:
As tropas assentam arraiais.

3 – Chegada do Mestre de Aviz e do Condestável
Chega o Mestre de Aviz e o seu Condestável

4 – A Ala dos Namorados
Ganha forma a nobreza ruidosa, imberbe e colorida da Ala dos Namorados. As cores das suas linhagens e das suas damas ardendo nessa tarde de Agosto, desenham um arco-íris no campo de Aljubarrota.

5 - A Espera e a “Desespera” dos Portugueses
O ânimo é grande e a vontade de combater ali, já, naquela hora é manifesta... mas contra quem? As hostes castelhanas tardam e o sol, inexoravelmente, faz o seu caminho de sempre e vai caindo para os lados do mar, lá longe. Virão? Não virão? E se não vêm? Pairam no ar a dúvida, e a indecisão e a pergunta: Que fazer agora?

6 – Chegada dos Castelhanos
Mas eis que, ao longe, um sussurro se começa a fazer ouvir... e o sussurro ganha corpo, como uma tempestade que se aproxima em dia de Verão. E vai ser grande e forte, a tempestade: o número de cavaleiros é infindo, incontável a peonagem. Nos pendões, as armas de todos os Grandes de Espanha e as de quase todos os Grandes de Portugal, cada um deles com a sua hoste de cavaleiros e de peões...

7 – Soldados Portugueses e Ala dos Namorados
Mas na sua inconsciência, ou na sua coragem, ou na sua imensa fé, ou numa sábia mistura das três, a pequena hoste do Mestre e do Condestável mantém a serenidade e a vontade de combater e de vencer...

8 – Silêncio e Oração de Dom Nuno
No último momento de silêncio que sempre antecede a tempestade, montado no seu cavalo, armado, elmo posto, viseira caída, Nuno Álvares recolhe-se em si e, como sempre, reza...


9 – A Batalha
Santiago?
S. Jorge?
Entre um Tempo e outro Tempo, o Destino suspenso... Numa eternidade dolorosa e provisória.
Chocam os dois exércitos.
Giravam espadas em silêncio no cair da tarde...
Mas de repente o Tempo voltou a correr,
João de Castela bateu em retirada
e os portugueses ficaram senhores do campo...
Era a vitória...

10 - Requiem
Vitória amarga. Entre papoilas e sangue, pendões manchados e armaduras rasgadas, há milhares que dormem, no chão da batalha, o sono sem sonhos dos corpos abandonados. Caem, sobre eles, a noite, o silêncio e a paz definitiva e derradeira do dever cumprido. Deveres diversos e lealdades cruzadas, que se chocaram e decidiram naquele campo de Agosto. E na diversidade dos corpos e das armas desenhadas nos escudos amolgados, retorcidos, desfeitos, a unidade na morte. A morte em nome da palavra dada ou em nome da missão a cumprir. Sim, vitória amarga, aquela...

11 – Canto da Vitória
... Mas vitória! Vitória decisiva e necessária, marco miliário de um Destino sem sombra. Vitória de um povo que lentamente se erguia no horizonte da História para iluminar os séculos imediatos a vir.
Vitória marcada nos rostos vincados pelo esforço, nos pendões erguidos à lua, nos elmos sobraçados. E, principalmente, vitória marcada no brado de alegria que correu o campo: "Arraial, arraial, por Dom João, Rei de Portugal!"

Abençoado
Seja este dia
Seja este arraial
Por D. João
Por Santa Maria
E por Portugal


Graças Senhor
Por todo este dia
Por este arraial
E por D. Nuno
De Santa Maria
E de Portugal

Texto de Diogo Pacheco de Amorim
Música de José Campos e Sousa

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nun’ Álvares Pereira, poema de Fernando Pessoa

Nun’ Álvares Pereira

Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é, que erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.
‘Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!


Poema de Fernando Pessoa
Música de José Campos e Sousa (Novembro de 2008)

Jogo de mesa Aljubarrota

Jogo vendido à Majora. Está previsto a sua edição em finais de 2009, princípios de 2010.
Após uma longa espera os exércitos olham-se, finalmente, de frente.O silêncio e a ansiedade explodem com um violento estrondo de um Trom.
2000 cavaleiros avançam à carga contra o exército lusitano.
O chão treme e o barulho é ensurdecedor.
As mãos apertam arcos, lanças e espadas. Todos estão a postos.
A garganta está seca e os olhos mal pestanejam. O coração bate aceleradamente.O medo cola-se à armadura de cada soldado.
Por Portugal, vais aguentar?



Jogo cooperativo para 3 a 6 jogadores.
Todos os jogadores jogam pelo lado de Portugal, tentando obter a vitória.
Cada jogador assume o papel de uma família Portuguesa que esteve presente na batalha.
Este jogo pode ser jogado em versão solitário.
PVP - 25€.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

Nun’ Álvares, poema de Miguel Torga

Nun’ Álvares

Pátria — é um palmo de terra defendida.
A lança decidida
Risca no chão
O tamanho do nosso coração,
E todo o inimigo que vier
Tem de retroceder
Com a sombra da morte no pendão.

Eu assim fiz,
Surdo às razões da força e da fraqueza.
(A liberdade não discute os meios
De se manter.)
Mais difícil era a empresa
Que a seguir comecei:
Já sem cota de malha, combater
Por outro Reino e por outro Rei!

Poema de Miguel Torga
Música de José Campos e Sousa (3 de Abril de 2009)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

São Nuno de Santa Maria, pintura de Gabriela Marques da Costa

Quadro que a pintora Gabriela Marques da Costa ofereceu para a Capela da SHIP.

Inauguração da Capela votiva na Sociedade Histórica da Independência de Portugal






Frei Nuno de Santa Maria, poema de Branca da Silveira e Silva

Frei Nuno de Santa Maria

Tinha dado ao seu Rei a Glória formidável
de «pagar» a Castela do torvo desacato...
— Chama-o a clausura, essa vida inefável,
já cumprido, no mundo, o nacional mandato.

Trocando o esplendoroso arnês de Condestável
pelo negro burel de humilde Irmão Donato,
encerrou-se no claustro, a viver miserável,
para remir, também, o mundo tão ingrato...

E olhando a sua cruz de frade mendicante,
Frei Nuno, a agonizar num êxtase radiante,
— ao seu Rei dando ainda o seu último abraço —,

para sempre engastou, como estrela fulgente,
no constelado céu da Pátria independente,
o seu vulto de — Santo — iluminando o espaço.


Poema de Branca da Silveira e Silva (Giesta)
Música de José Campos e Sousa (3 de Abril de 2009)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Por Portugal – E Mais Nada, poema de Rodrigo Emílio

Por Portugal – E Mais Nada

Arraial, Arraial (de porrada)
Por Portugal - e mais nada.
Arraial, Arraial (de porrada)
Por Portugal - e mais nada.


Quem do alto
De tanta sela e montada,
Tanta vez, em sobressalto,
Pôs Castela em debandada …
- … Pode lá ver, pela frente
Pode lá ter, por diante
Apenas gente aparente
… Gente de sangue rafeiro
(Sem que se exalte e se zangue
O seu Rompante Guerreiro).

Arraial, Arraial (de porrada)

Por Portugal - e mais nada.
Arraial, Arraial (de porrada)
Por Portugal - e mais nada.

Na imagem de vitral
do 'spiritual cavaleiro -
medalhão medieval,
aos pés do qual me consterno …
- ,Está ou não
Portugal de Portugal? …
Está ou não
Portugal, inteiro, e Eterno?! …

Arraial, Arraial (de porrada)

Por Portugal - e mais nada.
Arraial, Arraial (de porrada)
Por Portugal - e mais nada.

Do alto, lá do seu posto,
Atenda Ele, ao recado
Que me foi lançado em rosto,
Derramando o Seu desgosto
Sobre a data já remota,
- Dia 14 d’ Agosto:
Quadrado d' Aljubarrota!

Arraial, Arraial (de porrada)

Por Portugal - e mais nada.
Arraial, Arraial (de porrada)
Por Portugal - e mais nada.

E ali, a mim me reúno
à sombra de uma Bandeira
Que me quis sagrar aluno
de D. Nuno Álvares Pereira
Que do Alto
de tanta sela e montada
Pôs Castela em debandada.

Arraial, Arraial (de porrada)

Por Portugal - e mais nada.
Arraial, Arraial (de porrada)
Por Portugal - e mais nada.

Saia, de novo, a terreiro
- D' atalaia e a dar ajuda -
Todo o povo. O povo inteiro outra vez
contra o estrangeiro
nos acuda:
Ponha a andar d' aqui o Andeiro
A tal arraia-miúda!

Arraial, Arraial
(de porrada )
Por Portugal
- E mais nada.

Poema de Rodrigo Emílio (1982)
Música de José Campos e Sousa (29.03.2009)

sábado, 22 de maio de 2010

Nun’ Álvares, poema de Mário Beirão

Nun’ Álvares

Senhor! Por mim, teu espírito visita
O Reino onde servi como soldado;
Por ti, meu coração alevantado,
Por ti, este burel de carmelita!

A humilde cela que o teu filho habita
É um cárcere de lágrimas banhado;
Condoa-se do olhar do emparedado
A luz desses teus olhos, infinita!

Senhor, perdoa ao monge arrependido:
Se ainda não mereço a tua dor,
Reduz-me à escuridão do eterno olvido!

Soberbo eu fui; perdoa ao vencedor,
Ao vencedor dos homens, — o vencido
Por teu pranto humaníssimo, Senhor!



Poema de Mário Beirão
Música de José Campos e Sousa.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Capela votiva a São Nuno de Santa Maria

A Sociedade História da Independência de Portugal vai inaugurar a capela votiva a São Nuno de Santa Maria, no próximo dia 24 de Maio, às 17 horas, no Palácio da Independência, sita ao Largo de São Domingos, n.º 11, em Lisboa.
Sociedade Histórica da Independência de Portugal
Palácio da Independência
Largo de São Domingos, 11
1150-320 Lisboa
Telefone: 21 324 14 70 Fax: 21 342 04 11
Email:
ship.geral@ship.pt

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nun’ Álvares poema de António Sardinha

Nun’ Álvares

Nascido na leal Cavalaria,
deu-te a Cavalaria essa pureza
que sem a alma que em tua alma havia,
é luz velada que não dura acesa!

Tu a abrigaste em horas de alegria
— tu a abrigaste em horas de tristeza.
Por ti a flor de Galaaz floria,
talvez ainda com maior firmeza!

Tens o poder da tua espada forte,
tens o poder das tuas mãos erguidas,
— Herói e Santo, vem valer aos teus!

Alto, mais alto que o pavor da morte,
se a tua espada guarda as nossas vidas,
as tuas mãos pedem por nós a Deus!

Poema de António Sardinha
Música de José Campos e Sousa

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Santa Maria da Vitória, Poema e Música de José Campos e Sousa

Santa Maria da Vitória

Santa Maria da Vitória
O Mosteiro da Glória
De uma Batalha Imortal
Quem passa junto de ti
Passa na História
De Portugal

D. João Mestre
Mestre de Avis
Assim o quis
Em Aljubarrota
Dom Nuno Álvares Pereira
Foi a Bandeira
A Ala dos Namorados
O braço armado
De Portugal
Santa Maria da Glória
São Nuno de Santa Maria
Vela por nós neste dia
Ámen

Poema e Música de José Campos e Sousa (1993)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

São Nuno de Santa Maria, poema de António Tinoco

São Nuno de Santa Maria

Em Cristo na Paz, na Alegria
Por São Nuno de Santa Maria
Em Cristo, na Paz, na Alegria
Com São Nuno de Santa Maria

Foi um longo caminho para o Céu
Como sempre é a marcha da verdade
Desde a noite cercada de breu
À manhã de um País, de uma vontade

Foi tão longo o caminho da Luz
P'ra quem nunca despiu o arnês
Tanta lança a quebrar
Até chegar à Cruz
No destino de ser Português

Em Cristo na Paz, na Alegria
Por São Nuno de Santa Maria
Em Cristo, na Paz, na Alegria
Com São Nuno de Santa Maria

Foi um longo caminho para o Céu
Como sempre é a marcha da verdade
Desde a noite cercada de breu
À manhã de um País, de uma vontade.

No maior Milagre que Deus quis
Em que o Povo foi além do que podia
Brilhará para sempre
A cruz Flôr-de-lis
De São Nuno de Santa Maria


Poema de António Tinoco (8.03.2009)
Música de José Campos e Sousa (8.03.2009)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Exaltação, poema de António Manuel Couto Viana

Exaltação

Cavalga no bronze da glória
À ilharga do túmulo real,
Aqui, onde ficou, em pedra e fé, memória
Da mais vital vitória
De Portugal.

E ergue a espada nua. (Em certo dia
Bastara meia espada
Para enfrentar a cobardia
E vencer a batalha antes de começada.)

E o peito ovante oculta, floreada,
A cruz do seu brasão:
Como a sua alma e coração (branca e encarnada),
É divina divisa devotada
Ao Mestre, ao Rei e ao Irmão.

E olha o céu, caminho seu, seguro,
Pois sabe que no céu tudo se escoa
E Deus é sempre o futuro,
O último senhor do ceptro e da coroa.

Ó português que passas, indiferente,
Frente à estátua do Santo, do Herói:
Não te dói o presente?
A tua pátria doente
Não te dói?

Não sentes o desejo, o ímpeto de orar
Àquele que nos foi o salvador;
Pedir-lhe para regressar,
Formar quadrado contra o agressor?

De ter de novo como Capitão,
Por Deus e Pátria e Rei, o Herói, o Santo?
E de poder dizer altivamente não,
Seguindo o seu pendão,
Onde arde a esperança que perdeste há tanto?

Ah, se não queres marchar, em som de guerra,
Tal como ele, por um ideal,
É que não vale a pena o sangue, a terra,
E morre Portugal.

Poema de António Manuel Couto Viana
Música de José Campos e Sousa (31 de Março 2009)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Nun’ Álvares, poema Afonso Lopes Vieira

A Nun’ Álvares

Refrão
Em Aljubarrota,
num dia de glória
salvais nossa Pátria,
ganhando a vitória.

Grande Condestabre,
alma pura e bela,
vós, que nos salvastes
do Leão de Castela,
recebei as graças
e mais as mercês
de quem ama a Pátria
e é português!

Em Aljubarrota,
num dia de glória
salvais nossa Pátria,
ganhando a vitória.

Fostes bom e forte,
e em vossa alma havia
heróica bondade,
clara simpatia.
Vossas arcas tinham
o pão para dar
a quem o não tinha
para seu manjar.

Em Aljubarrota,
num dia de glória
salvais nossa Pátria,
ganhando a vitória.

Depois de velhinho,
os vossos amigos
eram só os pobres
e mai-los mendigos:
a sopa lhes dáveis,
fazendo-lhes bem,
e eles cantavam
como nós também.

Em Aljubarrota,
num dia de glória
salvais nossa Pátria,
ganhando a vitória.

Grande Condestabre,
alma pura e bela,
vós, que nos salvastes
do Leão de Castela,
recebei as graças
e mais as mercês
de quem ama a Pátria
e é português!

Em Aljubarrota,
num dia de glória
salvais nossa Pátria,
ganhando a vitória.


Poema Afonso Lopes Vieira
Música de José Campos e Sousa (3 de Abril de 2009)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Céu A Seu Dono, poema de Fernando Tavares Rodrigues

O Céu A Seu Dono

Eram tantas vezes mil
E Nós tantas vezes menos
Mas sob aquele Céu de anil
Combatemos.
Antes tombar que fugir
E, por S. Jorge, avançar
A espada, a lança a brandir
A ameaça a escorraçar.
Marcou a História esse dia:
Com um punhado de gente
Pusemos em debandada
Essa ilustre cavalgada
Que a nossa terra invadia.
Chamava-se Aljubarrota
Esse campo onde a derrota
Parecia certa.
Mas a Cruz de Cristo aberta
No peito da populaça
Era a marca desta raça
Que não se queria render.
E com bravo destemor
Repelia o invasor
Até de vista o perder.
Nesse quadrado onde outrora
Fidalgos e camponeses
Contra todos os revezes
Lutaram com o mesmo ardor
Ergue-se hoje para o Céu
Um Hino de pedra fina
Com que El-Rei agradeceu
Tamanha graça divina:
O Mosteiro da Batalha
Ali está a recordar
Que esta gente sem igualha
Nasceu para triunfar.

Não é mais um Monumento
Que alguém possa visitar.
Cada pedra é um momento
Dessa Batalha sem par.
E no silêncio pesado
Dessa Casa Secular
Pairam Lendas do passado,
Sente-se a História a espreitar.
Poema de Fernando Tavares Rodrigues (1985)
Música de José Campos e Sousa (Julho de 1985)