segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Céu A Seu Dono, poema de Fernando Tavares Rodrigues

O Céu A Seu Dono

Eram tantas vezes mil
E Nós tantas vezes menos
Mas sob aquele Céu de anil
Combatemos.
Antes tombar que fugir
E, por S. Jorge, avançar
A espada, a lança a brandir
A ameaça a escorraçar.
Marcou a História esse dia:
Com um punhado de gente
Pusemos em debandada
Essa ilustre cavalgada
Que a nossa terra invadia.
Chamava-se Aljubarrota
Esse campo onde a derrota
Parecia certa.
Mas a Cruz de Cristo aberta
No peito da populaça
Era a marca desta raça
Que não se queria render.
E com bravo destemor
Repelia o invasor
Até de vista o perder.
Nesse quadrado onde outrora
Fidalgos e camponeses
Contra todos os revezes
Lutaram com o mesmo ardor
Ergue-se hoje para o Céu
Um Hino de pedra fina
Com que El-Rei agradeceu
Tamanha graça divina:
O Mosteiro da Batalha
Ali está a recordar
Que esta gente sem igualha
Nasceu para triunfar.

Não é mais um Monumento
Que alguém possa visitar.
Cada pedra é um momento
Dessa Batalha sem par.
E no silêncio pesado
Dessa Casa Secular
Pairam Lendas do passado,
Sente-se a História a espreitar.
Poema de Fernando Tavares Rodrigues (1985)
Música de José Campos e Sousa (Julho de 1985)

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