segunda-feira, 21 de março de 2011

Poema condestabriano de João de Matos Fragoso

Ao Sepulcro do Grande Condestável

Epitáfio

Detém-te, observa, cala-te: pois repousa,
Ó caminhante, nesta Tumba muda
A admiração mais rara, como dúvida,
A mais clara verdade, como duvidosa.
Este, de quem a espada venturosa
Coberta amedrontou e matou desnuda
Debaixo desta pedra, em bainha rude,
É relíquia em valor a mais famosa.
Jaz: mas muito de si se derrama
Pelo mundo em mil ecos numa voz suma,
Por símbolo grato da sua chama.
Louvá-lo pois teu filho não presuma
Que a pluma é para sua espada pouca fama,
E para a fama, a sua espada, muita pluma.

João de Matos Fragoso
In Rodrigo Mendes Silva Lusitano,
Vida e Feitos Heróicos do
Grande Condestável e Suas Descendências,
Esfera do Caos Editores, 2010, p. 415.

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